Uma vítima de Nyusi por ter denunciado intervenção improvisada e falta de seriedade do Governo durante os sete anos de luta contra o terrorismo em Cabo Delgado
O Presidente da República (PR), Filipe Nyusi, exonerou1 através de um Despacho Presidencial de 4 de Outubro, Bertolino Jeremias Capitine do cargo de Vice-Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM).
Como é normal nos despachos presidenciais, quer quando se nomeia quer quando se exonera, Filipe Nyusi não avançou as razões da queda de Bertolino Capitine, um Tenente-General oriundo das fileiras dos antigos homens armados da Renamo no quadro do Acordo Geral da Paz (AGP), assinado em 4 de Outubro de 1992, em Roma, Itália, entre o Governo da Frelimo e o antigo movimento rebelde, pondo fim a uma guerra civil que durou 16 anos.
Apesar de Nyusi não ter justificado a exoneração do Tenente-General, há um consenso nacional de que a sua queda tem que ver com as palavras que proferiu numa palestra na segunda-feira, 30 de Agosto, na Universidade Joaquim Chissano, em Maputo, no âmbito das comemorações dos 60 anos das FADM, onde, dentre muitas críticas, atacou a forma pouco séria com que o Governo de Filipe Nyusi lidou com a insurgência, no seu início, tratando os terroristas de malfeitores, mas, sobretudo, por, até hoje, não ter havido declaração de guerra, facto que impediu uma maior intervenção das FADM, colocando todo o protagonismo sobre a Polícia da República de Moçambique (PRM).
No seu discurso, o Tenente-General denunciou o uso da propaganda de guerra com números mentirosos sobre os terroristas abatidos, obrigando a liderança militar no terreno a assumir esses números martelados. A queda após essa intervenção só vem reforçar o carácter intolerante à crítica do regime da Frelimo. A decisão de Filipe Nyusi mostra que o regime odeia a verdade e o pensamento diferente e, no caso concreto, pode ser sinal de que algo de grave está a acontecer em Cabo Delgado que o Governo está a esconder aos moçambicanos.
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