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Mecúfi, sete meses depois: um distrito esquecido sob os escombros do ciclone Chido

Foto: Estacio Valoi/ Mecufi/ cyclone Chido

Por Quinton Nicuete

 

Mecúfi – Cabo Delgado -30 de Maio de 2025 – Sete meses após a passagem devastadora do ciclone Chido, o distrito de Mecúfi, na província de Cabo Delgado, permanece em estado de calamidade. As promessas de reconstrução feitas por autoridades e organizações humanitárias ainda não se concretizaram, deixando a população local à mercê da própria sorte.

Foto: Estacio Valoi/ Mecufi/ cyclone Chido

O ciclone Chido atingiu Mecúfi em dezembro de 2024 com ventos de até 260 km/h, causando uma destruição quase total das infraestruturas. Segundo dados oficiais, cerca de 99% das casas foram destruídas, incluindo edifícios públicos como escolas, centros de saúde e instalações governamentais.

Aproximadamente 76 mil pessoas foram afetadas pela tempestade, enfrentando desde então a escassez de alimentos, água potável e abrigo adequado. A falta de assistência humanitária contínua agrava a situação, com relatos de famílias vivendo em condições precárias e sem acesso a serviços básicos.

Apesar das iniciativas anunciadas por entidades como a Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte (ADIN) para mobilizar apoios à reconstrução, os resultados no terreno são praticamente inexistentes. A população local expressa frustração com a lentidão das ações e a ausência de soluções concretas.

Estimativas divulgadas pelo governo apontam que serão necessários cerca de 3 mil milhões de meticais, o equivalente a 46,9 milhões de dólares, para a reconstrução das infraestruturas públicas do Estado, entre elas a residência oficial do administrador distrital, escolas, centros de saúde, comandos policiais e delegações de serviços essenciais como a EDM, segundo revelou o administrador distrital, Fernando Neves, esta quarta-feira, 28 de Maio. Até ao momento, nada foi erguido.

António Vieira, residente de Mecúfi, descreve o cenário como “caótico” e afirma que o sofrimento ainda prevalece: “Estamos abandonados. Não temos comida, nem assistência. Estamos entregues ao sofrimento.”

Foto: Estacio Valoi/ Mecufi/ cyclone Chido

Outro residente, comerciante, partilhou que perdeu quase todos os seus bens como arroz, trigo, feijão, com o ciclone. “Ainda hoje, sem nenhum apoio, tentamos recomeçar do zero. Tudo falta em Mecúfi. Temos que andar quilómetros para encontrar comida ou atendimento médico”, relata.

A situação em Mecúfi exige uma resposta urgente e coordenada das autoridades e da comunidade internacional. É imperativo que as promessas de reconstrução se traduzam em ações efetivas para restaurar a dignidade e as condições de vida da população afetada. (Moz24h)

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