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Em entrevista ao Ikweli, a médica de clínica geral e ponto focal de casos de malária ao nível do HPL, Zainabo Rupia, revelou que nos últimos meses a unidade sanitária tem registado muitos casos de malária, com maior destaque para o sector de pediatria.
Rupia explicou não ter o número total de crianças internadas naquele hospital por malária, mas, no entanto, disse que tiveram o registo de 31 casos no dia 8 de janeiro corrente, onde desse número, 14 encontram-se a receber cuidados médicos no leito hospitalar.
“Nos outros sectores também temos registado, mas não com números elevados em relação a pediatria. Neste momento, a enfermeira está superlotada. Tivemos 31 registos de malária, com um total de 14 internados nas últimas 24 horas. Agora ao nível da enfermaria de pediatria não é possível ter o número total de crianças internadas”, disse.
Durante a entrevista, a fonte fez saber que no mês de Dezembro do ano 2023, o HPL registou casos de óbito, entretanto a mesma não soube explicar se as mortes eram derivadas da malária, justificando que a demanda é maior e que, por isso, não houve espaço para recolher o número total de internados, bem como dos que acabaram por perder a vida.
“Na verdade, são muitos pacientes aqui na enfermaria e quando chegamos ficamos muito ocupados, sem conseguir arranjar um tempo para sentar e discutir os casos. Mas estamos a tentar fazer de tudo para que tenhamos os registos dos óbitos”, afirmou.
A médica disse que uma das causas que tem contribuído para que haja mais casos de malária em crianças, tem sido o facto de elas serem levadas pelos pais para as machambas, locais que, segundo a fonte, não dispõem de condições necessárias para a protecção dos petizes contra a picada dos mosquitos.
Por isso, na ocasião, a médica apelou para que nesta época chuvosa as crianças não sejam levadas para as machambas, ou então que os pais optem pelo uso de repelentes em caso de impossibilidade de uso da rede mosquiteira.
“Se tem alguém para deixar a criança e não a levar à machamba, eu acho que seria melhor. Acredito que lá as crianças não dormem como deve ser com rede mosquiteira, sabemos que há charcos, capim, e é um meio mesmo propício para o desenvolvimento da malária”, explicou.
Por outro lado, o director clínico do HPL, Fernando Artur Pedro, avançou que durante a quadra festiva o hospital registou um total de 85 pacientes internados, desse número 67 foram encaminhadas para sector de pediatria com o diagnóstico principal da malária, com 70% de casos de internamento.
“Geralmente com uma tendência de aumento, mas felizmente com redução de casos graves e, preocupa-nos, sobremaneira, a malária. Digo que nestes três dias (24, 25 e 26 de dezembro), a nossa média de solicitação de sangue rondou entre 35 a 40 transfusões, ou seja, 80 a 90% é para resolver problemas de anemia em crianças com malária e isso é preocupante, porque esperávamos mais casos em trauma, mas estamos a ter em malária”, revelou.
Só para ter uma ideia, o médico disse que no dia 25 o HPL registou 35 casos dos quais 14 foram para o internamento, no dia 26 foram 26 entradas com 11 internados sem registo de óbitos, sendo que o gráfico de entradas registou uma tendência crescente. (Ângela da Fonseca, em Lichinga)