Por Quinton Nicuete
Inhambane, Moçambique – A província de Inhambane tornou-se, nesta segunda-feira (24), um dos principais focos de protestos no país, com manifestações violentas e confrontos entre a população e as forças de segurança. O descontentamento, que começou com denúncias de fraude eleitoral, agora tem como principal motivo a crise económica e o alto custo de vida.
No distrito de Morrumbene, manifestantes saíram às ruas nas primeiras horas da manhã, bloquearam a Estrada Nacional Número Um (EN1) e destruíram a sede do partido Frelimo. O ato de revolta reflete a crescente insatisfação popular, que se intensificou nos últimos meses diante do aumento do custo dos produtos básicos e da falta de resposta por parte do governo.
A revolta também atingiu a cidade da Maxixe, onde manifestantes incendiaram a sede da Frelimo. Relatos indicam que as forças de segurança, incluindo a Unidade de Intervenção Rápida (UIR), estão no terreno tentando conter os protestos, mas os bloqueadores permanecem firmes, sem dar sinais de recuo.
Além dos ataques às infraestruturas partidárias, outros sinais de desordem já começam a surgir na região. De acordo com o portal Dossier & Factos, um posto de controle da Polícia Florestal foi incendiado por jovens que protestam contra o elevado custo de vida. A situação é descrita como caótica, com um ambiente de tensão crescente.
Inhambane, curiosamente, é a província onde Daniel Chapo, atual República de Moçambique, exerceu o cargo de governador antes de ser eleito Presidente da República. Isso levanta questionamentos sobre o impacto da sua governação na região e se a falta de medidas eficazes para conter a crise econômica pode ter contribuído para o atual cenário de instabilidade.
As manifestações em Inhambane refletem um fenômeno maior que vem se espalhando pelo país. O desespero da população diante do agravamento das condições de vida, aliado à falta de respostas concretas por parte das autoridades, pode desencadear uma onda de protestos ainda mais intensa nos próximos dias.
Diante do cenário de crise, cresce a pressão sobre o governo para que apresente soluções eficazes e evite que Moçambique mergulhe numa instabilidade social ainda maior. Resta saber se as autoridades irão responder com diálogo ou com repressão. (Moz24h)