Pemba, Moçambique – A visita do Presidente da República, Daniel Chapo, à província de Cabo Delgado foi marcada por uma situação preocupante: a exclusão de alguns jornalistas de órgãos de comunicação social da cobertura oficial do evento. A decisão levanta sérias dúvidas sobre a transparência das atividades governamentais e a liberdade de imprensa no país.
A seleção restrita de jornalistas foi feita por meio de um grupo de WhatsApp administrado pelo governo provincial e pela Secretaria de Estado. Apesar de ser comum a partilha de convites e informações nesses grupos, alguns órgãos de comunicação social não receberam qualquer notificação sobre a visita presidencial.
Um convite compartilhado no grupo de comunicação oficial dizia:
*”Boa noite, respeitados. Aguardamos saúde no vosso seio.
Por conseguinte, pedimos que nos atualizem os pontos de recolha, tomando em conta que deveremos estar no Aeroporto (para os homens de imagem) 30 minutos antes das 09h00, altura prevista para a chegada do Chefe do Estado. Agradecemos antecipadamente a compreensão de vossa parte. Cordialmente.”*
O assessor ainda reforça que os excluídos poderiam “cooperar com colegas para receber material”,como o da visita a EPC de Nanhimbe e, sugerindo uma filtragem prévia da informação que seria divulgada ao público.
A exclusão de jornalistas desses veículos de comunicação não foi justificada pelas autoridades. Quando questionado sobre o critério de seleção, o assessor de imprensa do governo provincial limitou-se a responder: “Os jornalistas destacados para a cobertura estão num grupo de WhatsApp para o efeito, pelo que toda a informação relativa a esta atividade está lá.” Já o assessor de imprensa da Secretaria de Estado optou pelo silêncio e não respondeu aos questionamentos.
A decisão gerou indignação entre os jornalistas excluídos, que questionam a necessidade de criar grupos seletivos para eventos oficiais e o impacto dessa prática na liberdade de imprensa. A transparência das ações governamentais e o direito de informar livremente são pilares fundamentais da democracia, e qualquer forma de exclusão seletiva levanta preocupações sobre o acesso à informação no país.