Em 6 de Setembro do ano passado, no distrito de Mocuba, pro- víncia da Zambézia, centro de Moçambique, durante a campa- nha eleitoral para as eleições de 9 de Outubro de 2024, o então candidato presidencial do partido Frelimo, Daniel Chapo, que acabou sendo proclamado vencedor numa eleição marcada por forte con- testação devido a denúncias de fraude, fez uma das promessas que chamou atenção ao país e ao mundo.
Falando num comício, Daniel Chapo disse que caso fosse eleito Pre- sidente da República iria trabalhar para a transferência da sede da Assembleia da República, o parlamento moçambicano, para Mocuba. Na altura, o Centro para Democracia e Direitos Humanos (CDD) consi- derou a promessa de arrojada, pois, a se cumprir, Chapo estaria a quebrar a tendência da elite do seu partido de centralizar os órgãos em Maputo. Ora, mais de um mês depois de tomar posse, Chapo ainda não se pronunciou sobre a promessa. Na sexta-feira, 21 de Fevereiro, Daniel Chapo voltou a Mocuba, onde esteve pela última vez para fazer a pro-messa, mas não voltou a falar do assunto.
No seu plano dos 100 dias não consta qualquer actividade tenden- te à materialização da promessa. O silêncio de Chapo pode ser sinal de que a tendência de centralização continua. O não cumprimento da promessa deve-nos convocar, como país, a uma reflexão bastan- te profunda sobre as promessas feitas durante a campanha eleitoral que muitas delas não são cumpridas e do ponto de vista prático não são materializáveis.