A crise política e os conflitos pós-eleitorais em Moçambique têm levado um número crescente de portugueses residentes no País a manifestar o desejo de regressar a Portugal. O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, revelou que a insegurança e a instabilidade política são os principais factores que impulsionam esta preocupação entre os emigrantes.
Durante uma visita oficial a várias comunidades portuguesas em África, nomeadamente na África do Sul, Moçambique e Angola, José Cesário sublinhou que a questão do regresso a Portugal tem sido frequentemente mencionada pelos portugueses residentes em Moçambique, onde se registaram incidentes violentos e episódios de tensão na sequência das eleições.
A 5 de Março, manifestantes bloquearam uma das principais avenidas de Maputo em protesto contra disparos da polícia à caravana do político Venâncio Mondlane, no mesmo dia em que foi assinado um acordo para tentar conter a crise pós-eleitoral. Estes episódios têm contribuído para um ambiente de crescente incerteza, levando muitos emigrantes portugueses a ponderar a sua permanência no País.
Para além da preocupação com a segurança em Moçambique, o governante destacou também a situação de vulnerabilidade de muitos emigrantes portugueses na África do Sul, onde os problemas de pobreza são mais evidentes, afectando especialmente os idosos, muitos dos quais se encontram em lares ou centros de dia, particularmente em Joanesburgo.
A visita a Angola incluiu uma passagem pela Escola Portuguesa de Luanda, onde persiste um clima de tensão devido a conflitos laborais. O secretário de Estado reconheceu que a resolução das queixas de desigualdade salarial entre professores poderá ser adiada, dado que o Governo português se encontra na iminência de entrar em gestão após o chumbo da moção de confiança no Parlamento.
José Cesário visitou também o centro de vistos VFS, onde está a ser testado um novo sistema de reconhecimento facial para o agendamento de vistos, já experimentado na Guiné-Bissau. Segundo o governante, esta tecnologia poderá contribuir para resolver problemas como o açambarcamento de vagas, que tem sido recorrente, especialmente em Luanda.
O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas reiterou que, apesar dos desafios enfrentados pelos emigrantes portugueses em África, o Governo português mantém o compromisso de apoiar as comunidades no terreno e garantir que os cidadãos que desejem regressar a Portugal possam fazê-lo com o devido acompanhamento.
Fonte: Lusa