ATransnet Pipelines, uma divisão da Transnet (empresa ferroviária, portuária e de oleodutos sul-africana, com sede no Carlton Centre, em Joanesburgo), vai iniciar projectos para compensar a ameaça de escassez de gás na África do Sul, também conhecida como o “penhasco do gás”, informou esta quinta-feira, 10 de Outubro, o portal de notícias ESI Africa.
Segundo o site, o plano implica que a Transnet reutilize a sua infra-estrutura de gasodutos para transportar gás natural liquefeito (GNL) da costa para os principais mercados do interior da África do Sul. O termo “penhasco do gás” refere-se ao declínio acentuado previsto do fornecimento de gás à África do Sul por parte de Moçambique.
O gás natural é transportado para aquele país através de um gasoduto de 865 quilómetros a partir dos campos de Pande e Temane, em Moçambique, para os mercados de ambos os países. É operado pela Republic of Mozambique Pipeline Investments Company (Rompco), uma empresa comum entre os governos da África do Sul e de Moçambique e da empresa Sasol.
O órgão de comunicação conta que o gasoduto abastece cerca de 90% da procura de gás da África do Sul, principalmente para uso industrial. No entanto, prevê-se que o fornecimento de gás do gasoduto de Pande e Temane diminua nos próximos anos, à medida que os campos amadurecem e se esgotam.
O gás natural é transportado para a África do Sul através de um gasoduto de 865 quilómetros a partir dos campos de Pande e Temane, em Moçambique, para os mercados de ambos os países. É operado pela Republic of Mozambique Pipeline Investments Company (Rompco), uma empresa comum entre os governos da África do Sul e de Moçambique e da empresa Sasol
Consequentemente, prevê-se que a Sasol (petrolífera que explora gás em Pande e Temane) deixe de fornecer os seus clientes de gás industrial na África do Sul até ao final de Junho de 2026.
A Associação de Utilizadores de Gás Industrial da África Austral (IGUA-SA) avisou no início deste ano que “as consequências de uma súbita escassez de abastecimento são profundas, desde o aumento dos custos da energia até à potencial perda de postos de trabalho e instabilidade económica”.
Plano delineado para o GNL
Sibongiseni Khathi, director executivo da Transnet Pipelines, disse à Africa Oil Week (evento sobre recursos energéticos), na Cidade do Cabo, na quarta-feira (9), que a entidade está a considerar que a nova infra-estrutura de GNL estará operacional até 2027.
“Com a perspectiva do penhasco do gás, há um impulso de todos os cantos para tentar colocar novos fornecimentos de gás o mais rápido possível”, disse, destacando que “o calendário prevê que a Fase 1 do terminal esteja concluída no primeiro trimestre de 2028, mas está a ser feito um trabalho para tentar antecipar essa conclusão para o início de 2027”.

A fonte referia-se ao projecto do Terminal de Energia de Zululand (ZET) no Porto de Richards Bay. “O principal objectivo do projecto é desenvolver, financiar, construir, operar e manter as infra-estruturas de GNL a meio do percurso para permitir a sua importação”, afirmou.
A Transnet National Ports Authority (TNPA) nomeou o consórcio Transnet Pipelines e Vopak Terminals Durban no dia 9 de Janeiro de 2024, para desenvolver e operar o terminal.
A Transnet Pipelines é responsável pela exploração e manutenção da rede de 3800 quilómetros de gasodutos e oleodutos líquidos da África do Sul.
Sibongiseni Khathi disse que também se estão a preparar para redireccionar o Lilly Pipeline “para poder transmitir GNL de Richards Bay para Secunda e Durban”. Actualmente, o gasoduto transporta, por ano, cerca de 500 milhões de metros cúbicos de gás rico em metano (MRG) de Secunda, via Empangeni, para Durban, com pontos de abastecimento importantes ao longo do percurso.
Apelo a mais financiamento para infra-estruturas
O relatório anual do IGUA-SA 2024 afirma que o esgotamento iminente dos campos de gás em Moçambique “destaca a nossa vulnerabilidade devido à dependência excessiva de uma única fonte”.
“Para mitigar o risco associado ao penhasco do gás, estamos a explorar fontes alternativas de gás natural. Isto inclui acelerar o desenvolvimento das reservas de gás nacionais e procurar novos acordos de importação com fornecedores internacionais”, refere o documento.

O relatório afirma que projectos como os terminais de importação de Gás Natural Liquefeito (GNL) são fundamentais para diversificar a base de abastecimento da África do Sul e aumentar a segurança energética.
O IGUA-SA também defendeu o aumento do investimento em redes de gasodutos, instalações de armazenamento e fábricas de processamento.
Moçambique está a pensar num novo terminal de GNL
A Rompco disse em Agosto que, para fazer face ao declínio das reservas de gás em Pande e Temane, está a explorar a possibilidade de ligar o GNL do terminal da Matola, em Moçambique. A instalação está a ser desenvolvida pela Beluluane Gas Company (BGC), uma joint venture entre a Gigajoule, empresa de energia sul-africana, e a TotalEnergies.
“O terminal da Matola terá uma unidade flutuante de armazenamento e regaseificação que pode receber carregamentos de GNL de várias fontes e fornecer gás regaseificado a uma central de gás para energia a ser construída no Complexo Industrial de Beluluane e, além disso, fornecer gás ao mercado sul-africano através do gasoduto Rompco”.
A empresa informou ainda que o terminal deverá começar a funcionar em meados de 2026, com uma capacidade prevista de dois milhões de toneladas por ano de GNL.
“A ligação do abastecimento de GNL da Matola com o gasoduto da Rompco irá aumentar a segurança do abastecimento do mercado energético sul-africano e garantir que o MSP (Mozambique to Secunda Pipeline) seja utilizado na sua capacidade total, tendo em conta o declínio dos campos de Pande e Temane”, informou Motlokwe Sebake, director geral da Rompco para Assuntos Corporativos e Comerciais. (DE)