Por CF
Num claro sinal de que o governo está longe de controlar a situção despoletada pelas manifestações e greves gerais convocadas pelo candidato presidencial, Venâncio Mondlane, a ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verónica Macamo, pediu aos diplomatas acreditados em Moçambique para que ajudem a devolver a estabilidade ao país. A chefe da diplomacia moçambicana esteve esta segunda-feira reunida com o corpo diplomático no contexto da crise pós-eleitoral que o país vive.Paradoxalmente, no ano passado, no contexto das manifestações convocadas pela Oposição que reivindicava vitória em várias autarquias incluindo a de Maputo, a mesma ministra chamou os diplomatas acreditados em Maputo para apelar a “não interferirem em assuntos internos de Moçambique”. É caso para perguntar o quê se está a passar agora para ministra pedir que os diplomatas acreditados em Moçambique interfiram nos assuntos internos de Moçambique?
Uma primeira resposta pode ser o facto do governo, pesem os esforços, não estar a conseguir desmobilizar as manifestações e paralisações convocadas pelo candidato presidencial, Venâncio Mondlane. A associar também está o facto de muitas das organizações internacionais que observaram as eleições moçambicanas terem reportado irregularidades o que enfraquece a posição do governo. Mas o facto de haver um interlocutor novo no processo pode estar a ser determinante para o governo pedir ajuda a comunidade internacional. Antes o governo moçambicano tinha na Renamo o seu interlocutor para resolver as crises
pós- eleitorais.
O governo tinha um histórico de conversações com a Renamo e por isso, sentia-se confortável em resolver a situação sem precisar de interferência externa. Mas neste momento do outro lado é novo. Trata-se de Venâncio Mondlane parece que o governo ainda não sabe por onde começar esse diálogo.
O Comandante- Geral da Polícia, Bernardino Rafael, ensaiou um dialógo com o líder do partido Podemos, Albino Forquilha mas sem resultados. O verdadeiro líder do movimento de contestação é Venâncio Mondlane e ao que parece ainda não estão abertas as portas de diálogo entre ele o governo. Aliás, apesar do governo falar em diálogo acredita que o mesmo deve acontecer depois do Conselho Constitucional se pronunciar os resultados das eleitorais. Enquanto o diálogo não acontece, Moçambique vive tempos conturbados. (Moz24h)