
Por CF
A restrição do serviço de internet decidida pelo governo em coordenação com as empresas de telefonia móvel não está a diminuir o número de manifestações e nem sequer a impedir a sua mobilização. Se ao restringir os serviços de internet em particular as redes sociai, o governo acreditava que isso iria ter impacto no ímpeto das manifestações convocadas pelo candidato presidencial, Venâncio Mondlane, o tiro tem estado a sair pela culatra. Esta terça feira, mesmo com restrições dos serviços de internet, Maputo foi palco de várias manifestações que obrigaram a Polícia a usar da sua brutalidade para as reprimir.
Uma das manifestações mais notáveis aconteceu na Avenida Julius Nyerere e os manifestantes dirigiam-se em direcção a Presidência da República quando a Polícia os dispersou com recurso a gás lacrimógenio e disparos de bala de borracha e verdadeiras. Na Avenida Eduardo Mondlane na cidade de Maputo, a Polícia usou gás lacrimogénio para dispersar um pequeno grupo de manifestantes que ainda se agrupava.
Na Avenida Mao Tse-Tung, Polícia recorreu a gás lacrimogénio e a disparos de balas de borracha para reprimir uma manifestação de todo pacífica. Aliás as outras manifestações acima referidas também tinham um cunho pacífico mais a Polícia usou da violência para as reprimir. Na Província de Maputo, o cenário não foi diferente com manifestações em vários bairros. No Bairro Patrice Lumumba a manifestação foi em frente a sede distrital do Partido Frelimo.

Na mesma Província foi reportada o encerramento temporário da estrada N4 no troço que liga a cidade de Maputo e Matola. Os manifestantes queimaram pneus na estrada depois da Polícia ter reprimido com violência uma manifestaçao pacífica. Também foi reportada o encerramento da estrada N4 no KM4 muito próximo a fronteira com a África do Sul. Camiões bloquearam a estrada impedindo a circulação. Houve muita outras manifestações um pouco por todo o país. E o facto da ministra dos Negóciios Estrangeiros, Verónica Macamo, ter em reunião com diplomatas estrangeiros acreditados em Maputo, pedido ajuda para devolver a estabilidade é indicação clara de que a estratégia do governo moçambicano não está a produzir os efeitos desejados.
Um dado novo nas últimas manifestações é que canais de televisão privados voltaram a reportar nos seus serviços noticiosos sobre as mesmas. Trata-se dos canais de televisão “Miramar” e “TV Sucesso” que até então vinham subalternizando as manifestações de contestação aos resultados eleitorais nos seus serviços noticiosos. Estes dois canais têm fortes ligações ao partido no poder.
A Televisão Miramar, é propriedade do Igreja Universal cujo presidente em Moçambique, José Guerra, é membro da Assembleia Municipal de Maputo pelo partido Frelimo. A TV Sucesso tem como Presidente do Conselho de Administração, Gabriel Júnior que é deputado do partido Frelimo na Assembleia da República. Já houve tempos em que a TV Sucesso tinha uma postura visivelmente imparcial mas nos últimos tempos tem se mostrado claramente posicionada do lado do partido no poder. (Moz24h)