Por CF
O candidato presidencial suportado pelo partido Podemos, Venâncio Mondlane, publicou este sábado
nas redes sociais um texto intitulado “ o meu testamento”. No texto, Venâncio Mondlane acusa as
autoridades moçambicanas de o estarem a perseguir e diz haver contra si um mandado de busca
internacional o que o obriga viver a cruzar fronteiras e em constante perigo.
No entanto, vale a pena lembrar que recentemente, o presidente do Tribunal Supremo, Adelino Muchanga, disse não haver em tribunais moçambicanos algum mandando de captura contra Venâncio Mondlane. Mondlane começa o referido texto a alertar que “se estas forem as minhas últimas palavras, peço a todo o povo moçambicano, milhões de famílias afectadas directa ou indirectamente pela violência policial de hoje,
pelo terrorismo de Estado de quase 50 anos, para que peguem o testemunho e avancem com toda a
força e velocidade a caminho da coroa e do trófeu da liberdade”.
Como se pode deprender do citado parágrafo, Venâncio Mondlane não é claro em relação ao que o povo deve fazer. O candidato presidencial suportado pelo partido Podemos escreve no mesmo texto que,” gente muito poderosa tem me contactado, pessoas cuja dimensão e poder é suficiente para me fazer desaparecer
com um simples sopro” . Segundo Mondlane, a referida gente muito poderosa o tem aconselhado “a
aceitar e assumir, em silêncio, os estragos que serão causados pelos explosivos que sairão da boca da
professora Lúcia Ribeiro no dia 23 de Dezembro”.
Em outras palavras, Mondlane diz que está a ser pressionado para para aceitar os resultados que dão vitória ao partido Frelimo e ao seu candidato presidencial, Daniel Chapo. Os resultados eleitorais anunciados pela Comissão Nacional de Eleições dão vitória aoa partido Frelimo e ao seu candidato presidencial, Daniel Chapo.
Estes resultados foram contestados por Venâncio Mondlane que convocou manifestações que tiveram o seu início em meados do mês de Outubro exigindo “a reposição da verdade eleitoral”. As manifestações já resultaram em centena e meia de mortos e milhares de feridos, sobretudo por baleamento policial.
Apesar das manifestações, nunca foi expectável que o Conselho Constitucional venha a dar um veredicto que não seja a validação, com algumas alterações, dos resultados que dão vitória ao partido Frelimo e ao seu
candidato presidencial. Vários quadrantes apelam a que se anulem as eleições em virtude das
irregilaridades. Mas é muito pouco provável que essa seja a decisão do Conselho Constitucuional. Aliás,
intelectuais e académicos ligados ao regime têm aproveitado o espaço privilegiado a que têm acesso nos
órgãos de comunicação públicos pare defenderem que não há espaço para a anulação das eleições.
Normalmente, a opinião dos referidos intelectuais e académicos reflecte a posição do regime do dia.
Acredita-se que Venâncio Mondlane esteja a ser pressionado por figuras ligadas aos grandes interesses económicos que se sentem lesados com as manifestações por si convocadas. Várias multinacionais que operam em Moçambique reportaram perdas em virtude das manifestações convocadas por Mondlane.
Situação cujos efeitos ultrapassaram as fronteiras moçambicanas. Por exemplo, o governo sul-africano
já fez saber estar diposto a fazer de tudo mais alguma coisa para manter a fronteira de Ressano-Garcia
operacional apesar da crise política que se vive em Moçambique. A referida fronteira esteve várias vezes
encerrada por força das manifestações convocadas por Venâncio Mondlane. O encerramento da mesma
teve efeitos na economia sul-africana. E claro, também na moçambicana.
O candidato presidencial que se autoproclama presidente eleito de Moçambique, termina o seu texto
escrevendo: “ mesmo que tenha que ser a minha última palavra, gritarei: queremos a verdade eleitoral”. (Moz24h)