No última Sexta-feira foi assim: em quase todos os bairros da cidade e província de Maputo houve reuniões
dos moradores. Estranho? Talvez não. Mas a agenda das reuniões em todos os bairros era a mesma: segurança e patrulhamento. As reuniãos foram convocadas pelas estruturas do Bairro que, como se sabe estão afectas ao partido Frelimo. A agenda das reuniões e as conclusões mostram a existência de um comando central.
Um comando que estabeleceu que deviam acontecer as referidas reuniões e que, devia-se concluir que os moradores devem fazer patrulhamento nocturno nos seus respectivos bairros. O motivo é o facto de haver muitos reclusos fugitivos á solta. São os reclusos que supostamento fugiram da cadeia central e da cadeia de máxima segurança mais conhecida por B.O.
Aqui começam a levantar- se questões. Há cada vez mais correntes de opinião a colocarem em causa a ideia de fuga. Será que os 1500 reclusos fugiram mesmo em acção por eles engendrada. Ou tiveram uma mão de quem precisa deles fora para sirvam outras agendas. O comandante-geral da Polícia, Bernardino Rafael, tem uma versão. A ministra da Justiça, Helena Kida, tem outra. Bernardino Rafael viu a intervenção de manifestantes na fuga dos reclusos. Helena Kida, disse que a fuga foi resultado de uma rebelião interna.
Nos canais internacionais de televisão as diferentes versões dos dois dirigentes moçambicanos foram notícia. E chacota. Em vídeos divulgados nas redes sociais, os reclusos vão dizendo que os portões foram simplesmente abertos e ele sairam. E já estão fora e, por isso, nos bairros, as patrulhas são necessários e urgentes dada a sua perigosidade. Outro motivo para as patrulhas são os supostos homens-catana. Supostos porque ainda ninguém os viu mas todos já sabem da sua existência. E porque ainda ninguém os viu mas todos sabem que eles existem. Ou supostamente existem. Ou talvez existem. Ou se calhar existem. Ou podem ser que existam. Ou ainda hão-se existir. Então, é preciso patrulhar mesmo.
Aos poucos nos bairros as estruturas do partido Frelimo adormecidas pela força do Venancismo vão renascendo. Vão restabelecendo formas de comunicação com a população que serão muito utéis para tentar desligitimar as manifestações convocadas por Venâncio Mondlane. Hoje o pretexto é a segurança e patrulhamento, mas esses canais de comunicação que se abrem hão-de servir para passar toda ideia que legitima a vitória de Daniel Chapo e do partido Frelimo.
O vandalismo que se assistiu imediadamente a seguir a proclamação dos resultados pelo Conselho Constitucional também afastou muitos de Venâncio Mondlane. Foi uma destruição sem igual e sem limites. Também apoiantes de Venâncio Mondlane foram vítimas do vandalismo. Quando Venâncio Mondlane apelou ao fim do vandalismo o mal já estava feito. Em alguns bairros, todo o parque comercial foi destruído. E talvez por isso, muitos preferem aderir as patrulhas. E pela manhã talvez já não lhes reste muita energia para gritar: Este país é nosso! Salve Moçambique! Talvez no lugar de salvar o país todo, há quem já prefira salvar o perímetro das suas residências e o que ainda resta dos seus negócios.