Por Josué Bila
Nunca tinha visto, na vida política, um rei, literalmente, nu. Porém, a exposição da nudez do rei e de tudo quanto esse vexame revela, em Moçambique (pós)eleitoral, brinda-me com o que devo aprender ainda novo: nunca ser um velho gagá. Devo, agora, caso ainda não o tenha feito, aprender a ter sabedoria e capacidade de estabelecer auto-limites, para, com dedicação, atingir a serenidade, sanidade e espiritualidade humanas.
As últimas eleições revelaram que há, entre as elites políticas dos vanguardistas, pessoas que mal sabem envelhecer. Enquanto idosos no mundo da Política estão a escrever memórias político-sociais e a gerir fundações, os nossos velhos gagás estão, literalmente, a congregar o maior número possível de mágicos para aplacarem as desgraças. É, pelo contrário, através da força do Direito liberal que os problemas poderiam ser ultrapassados.
O que as leis moçambicanas plasmam sobre aquele ou este processo/problema? A lei eleitoral, por exemplo, mesmo que tenha as suas deficiências, próprias de edições noturnas e manhosas, está clara sobre como
o processo eleitoral deve ser conduzido até à declaração do vencedor. Entretanto, o rei nu, os velhos gagás e os manhosos beija-mãos orquestraram os bens democráticos, colocando a sociedade inteira desprovida de
previsibilidade. Todos nós não sabemos sobre o amanhã que está previsto nas leis, excepto o rei nu, a corja dos beija-mãos e os velhos gagás.
A partir da minha varanda das abstrações, estou a contemplar o rei, com a sua cafonice política e obstinação provinciano-babaquara, que lhe são peculiares. Não lhe faltaram assessorias, análises e admoestações, as quais teriam servido de bússola para este belo Moçambique. Porém, preferiu ouvir uma corja de beija-mãos e uma incompetência gagá institucionalizada.
Costumo naquela minha destreza teológica particular aventar a hipótese segundo a qual o rei, a corja e os velhos gagás construíram uma inteligência perversa e conhecimentos regressivos, de tal maneira que o próprio diabo vem rejeitando que tenham espaço no inferno. É o próprio diabo que não tem casas para o rei nu, velhos gagás e a corja de beija-mãos de Moçambique. Não é casual que eles estejam obstinados. Não têm onde caírem mortos. Os piores pedestais dos planetas e dos abismos infernais nega dar visto à nossa cafonice política.
Quem, no mundo, com um certo grau de ética política, aprecia esses comportamentos do rei, da corja dos beija-mãos e dos velhos gagás? Apenas uns bestalhões e peçonhentos do próprio partido e uns tubarões da política regional, com interesses político-securitários ou económicos (SADC e UE, por exemplo). Cidadãos eticamente sofisticados, cujos refinamentos políticos almejam a dignidade humana, República, Estado de Direito, democracia liberal, direitos humanos e políticas públicas, em Moçambique, gritam *fora, rei nu ".
Infelizmente, o rei nu continua sem vergonha, porque está rodeado de muitíssimos saudosistas e uma variedade de beija-mãos sem terreno na probidade pública. Entretanto, toda a cafonice do rei já está exposta em hasta pública. O rei deve sair do Palácio e deixar a monarquia nas mãos dos republicanos e democratas. É o mínimo que se espera, mesmo que a sua vontade seja encrustar-se, ainda, no Poder.
Rei nu, velhos gagás e corja de beija-mãos, saiam do Poder. Lamento informar- vos que nem o diabo tem espaço para vocês. Segundo o decreto que ele assinou, a vossa maldade indescritível contra os moçambicanos é desconhecida na bíblia dele. Para onde irão, se mesmo no inferno não podem
descer e nem habitar?