Apesar do tom optimista das declarações do seu CEO Patrick Pouyanné quando, no ínicio de Dezembro, revelou que o Banco de Exportação-Importação (Exim) dos Estados Unidos da América (EUA) poderia aprovar “nas próximas semanas” o financiamento de 4,7 mil milhões de dólares para o projecto de exploração de gás natural liquefeito (GNL) em Moçambique, sublinhado que outras agências de crédito farão o mesmo nos meses seguintes, a petrolífera francesa TotalEnergies decidiu suspender centenas de trabalhadores baseados na península de Afungi, onde estão previstas as futuras unidades de liquefação do seu projecto em Moçambique.
As cartas com instruções para suspensão das operações começaram a ser enviadas, segundo o portal Africa Intelligence, a 7 de Fevereiro, dirigidas a todos os subcontratados do consórcio CCS – constituído pela italiana Saipem, a japonesa Chiyoda e a norte-americana McDermott. O consórcio CCS é responsável pela execução de parte do projecto Mozambique LNG, liderado pela TotalEnergies, que prevê a construção de duas unidades de liquefação com capacidade para processar 13 milhões de toneladas de gás por ano.
A suspensão das operações afecta os trabalhadores ainda presentes em Afungi, na província de Cabo Delgado, onde foram descobertas mais de 150 biliões de pés cúbicos de reservas de gás offshore desde 2010.
No entanto, a suspensão abrupta das operações indica um cenário de incerteza no curto prazo crescendo nesta altura os rumores, não confirmados pela empresa, de uma possível venda da operação.
Adiamento contínuo do levantamento da força maior
Desde a declaração de força maior em Abril de 2021, algumas empresas subcontratadas pelo consórcio CCS mantiveram, apesar de tudo, operações reduzidas na península de Afungi, incluindo a italiana Renco, a sul-africana WBHO, a Gabriel Couto e a mauriciana International Facilities Services (IFS). A suspensão da TotalEnergies obriga estas empresas a reduzirem ainda mais as suas actividades, embora não necessariamente a interrompê-las por completo.
A petrolífera francesa justifica a decisão com a falta de clareza em torno do financiamento do projecto, levando a mais um adiamento no levantamento da força maior. Embora a suspensão das operações implique custos significativos, a empresa mantém-se empenhada no projecto, dado que detém um contrato de exploração sobre o bloco 1, que contém reservas estimadas em 75 biliões de pés cúbicos de gás.
A suspensão do projecto representa um novo revés para o recém-empossado Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, que se reuniu com Patrick Pouyanné a 28 de Janeiro, em Maputo.(DE)