Por Luis Nhachote
O dia 26 de Setembro do ano corrente, uma quarta-feira, ficará eternamente marcado nas memórias de alguns no Posto Administrativo de Chiure Velho com a ligação e expansão da rede elétrica numa província que, mesmo dilacerada por uma guerra estranha, contra as suas gentes, a empresa Electricidade de Moçambique (EDM) vai cumprindo com a sua missão.
As palavras do Presidente da República, Filipe Nyusi, proferidas na solenidade do acto que simbolizou a entrada de mais um posto administrativo no mapa da electrificação nacional, segundo as quais "Esta energia não é só para ligar lâmpadas e ter luz, deve ser usada para produzir riqueza" ainda ribombam nos ouvidos de Hassene Ramadan.
Ramadan de 45 anos e sua esposa Safira Amade de 40, há muito que sonhavam com a energia elétrica em
Chiure Velho. “Não acreditávamos que iam colocar energia agora, por causa desses terroristas que já destruíram linhas de transmissão noutros lugares aqui em Cabo Delgado.”
O Casal Ramadam tem duas filhas, Ansura e Chaida, de 17 e 13 anos respectivamente e, quando começou a o
processo de eletrificação, num Investimento: 67 milhões de meticais que cobre uma área de 25 km de Linha de Média Tensão (33kV), eles decidiram ir a capital Provincial,Pemba,comprar alguns eletrodomésticos,
como congelador e televisor’.. “Quando vimos os postes e fios já começamos a acreditar que a energia ia chegar” disse, sorrindo Safira. Segundo o casal contou ao Moz24h, a compra dos
eletrodomésticos “foi uma grande alegria para nós”.
Antes da conexão elétrica, Ramadam dependia de um pequeno rádio que funcionava na base de pilhas para
ouvir as notícias. O casal ainda guarda o candeeiro, que era usado no tempo da escuridão. E lembra também que, sem energia, já deitou fora muita comida que apodrecia por falta de conservação apropriada.
Realização de sonhos
Quando faltam por electrificar 11 postos administrativos da província, Ansura, a primogénita do casal e quem tem a responsabilidade de rentabilizar o congelador de 210 litros. Quando regressa da escola – recolhe garrafas de água mineral usadas e enche-as de água “até ficarem em pedras de gelo”. Passa agora pouco mais de um mês que a rapariga, na companhia da sua mãe, começou a rentabilizar os dividendos da chegada da energia, com a venda de água gelada em pedra. “Já fizemos um bom dinheiro, que não posso dizer quando, e estamos a guardar no banco” disse Ansura.
Ela agora, disse-nos, sonha em um dia realizar o sonho do pai que é(ra) abrir um restaurante. Hassane contou- nos que esse sonho é antigo, mas que ele enfrentou várias dificuldades. “Não tinha capital suficiente, e os bancos não me financiaram por ser um novo empreendedor sem experiência”.
Além disso, encontrou resistência de alguns amigos e familiares que duvidavam de seu sucesso. “Agora com a chegada da energia, tudo estará mais iluminado. Até as ideias” . Com a chegada de energia em áreas mais rurais, o governo não apenas melhora a qualidade de vida dos cidadãos, mas também abre janelas de oportunidades para o desenvolvimento econômico e social.
De referir que a chegada de energia neste posto administrativo custou um total de 67 milhoes de meticais numa infraestrutura de 10 km de Rede de Baixa Tensão com 5 Postos de Transformação (100kVA cada) e 150 Candeeiros de Iluminação Pública que passa a beneficiar 1000 novos consumidores conectados, dentes
estes a família Hassane (Moz24h)