Por Fátima Mimbire – Facebook
Sabemos que está a ser preparada a declaração do Estado de Emergência e o número de militares está a aumentar nas ruas. A ideia é ter um Estado de Emergência acima de 6 meses.
Para poder concretizar este plano macabro, os militares de todos os ramos acordaram hoje com um presente de Natal antecipado: o pagamento de retroactivos da TSU que deveriam ter sido pagos no início do ano passado.
Os militares têm muito a agradecer ao Venâncio por este presente de Natal. Não o teriam de outra forma. Isto prova claramente que afinal nunca faltou dinheiro no nosso país. Eles não pagavam os retroactivos porque simplesmente não lhes interessava. O mesmo acontece com o pagamento do subsídio de empenhamento para os militares afectos ao campo de batalha para responder ao terrorismo. Há mais de um ano que não se paga a um grupo significativo de militares.
Do mesmo modo que não pagam aos professores, aos médicos, enfermeiros as horas extras, subsidios de risco e retroactivos. Não é por falta de dinheiro. É falta de vontade.
Assim que querem usar os militares para maltratar e matar seus irmaos que manifestam-se nas ruas exigindo a justiça eleitoral, a justiça social, viabilizando, desta feita, o Estado de Emergência, estão a pagar e bem.
Mas vos peço irmãos e compatriotas. Não se enganem. Não o fazem por reconhecer que têm direito a receber o que vos é devido. Que vos amam e respeitam. Não. Vocês são apenas um instrumento para alguns se manterem no poder a força.
Por isso, não se esqueçam, irmãos militares, que os que colocam dinheiro nas vossas contas, são os mesmos que não vos protegem quando acontece alguma coisa lá no campo de batalha contra os terroristas, que vos tratam como criminosos com processos arbitrários. Neste momento que vos falo, colegas vossos estão a ser torturados em quarteis, sem direito a atendimento de saúde, sem advogado, sem comida. É este regime que vão defender porque vos pagou o que vos deve?
São os mesmos que com base em normas opacas, baseadas em clientelismo e nepotismo, colocam seus familiares à vossa frente, dando-lhes promoções meteóricas . Assim seus famliares são vossos superiores sem terem experiência e tempo de trabalho, e nunca são mandados para missões de risco, e estão nas viagens de formação que deveriam ir para vocês. Os seus salários, sem fazerem nada, alguns nem aos quarteis se apresentam, recebem mais do que vocês.
Não se esqueçam, compatriotas, dos vossos companheiros que foram £nterrado$ em vala$ comun$ em Cabo Delgado e nunca tiveram um velório condigno porque o governo, que hoje já tem dinheiro para pagar retroactivos, não tinha meios para transladar seus corpos e suas familias continuam com braços vazios e sem uma campa para visitar seus entes queridos.
Não se esqueçam das vezes que foram abandonados em missões, meses e meses porque não havia transporte para vir vos buscar e devolver às vossas casas e vocês tiveram que usar vossos próprios recursos, que já são parcos.
Não se esqueçam do feijão cheio de água que comem aí nos refeitórios dos quartéis porque ou diminuem a quantidade da comida alegando que não há recursos.
E lembrem-se que no dia que algo acontecer convosco, esses mesmos que hoje vos pagam para terem moral para cumprir ordens ilegais e criminosas vão abandonar as vossas famílias. Perguntem as famílias dos militares que morreram em Cabo Delgado como estão hoje. Perguntem que apoio os vossos colegas que têm traumas da guerra, alguns dos quais ficaram dementes, que apoio têm.
Hoje ficou comprovado que, afinal, nunca houve falta de dinheiro, mas falta de vontade e consideração.
Já agora, para quem dizia que não iria poder pagar salários aos funcionários públicos devido às manifestações, de onde veio dinheiro para pagar retroactivos a todos os militares, sendo que ainda virão os salários de Dezembro e o 13o? Estamos a falar de cerca de 25mil pessoas ou mais.
Vivemos de mentira em mentira. No lugar de se buscar resolver o problema andamos em tramoias o tempo todo.
A escolha é individual, casos militares. E ninguém pode aceitar fazer o que não concorda. Por um lado, temos o artigo 80 da CRM que dá direito de resistência. Espero que resistam! Também existe aquele princípio universal de objecção de consciência. Então, compatriotas militares, está nas vossas mãos evitar o banho de sangue que se pretende causar e evitar um golpe pior à nossa democracia.
No dia 15 de Janeiro de 2025, Nyusi deve ir embora. Acabou. Anamalala!