O Governo prevê alcançar estabilidade operacional das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) em três anos, após vender acções estatais da companhia para empresas públicas, devido ao seu alto nível de endividamento.
Os dados apresentados pelo ministro dos Transportes e Logística, João Matlombe, no Parlamento, onde o Governo presta informações aos deputados, apontam que, só em 2021, a transportadora de bandeira registou um prejuízo de pouco mais de 1,4 mil milhões de meticais (21,7 milhões de dólares), em 2022 com 448,6 milhões de meticais (6,9 milhões de dólares), 2023 com 3,9 mil milhões de meticais (60,5 milhões de dólares) e 2024 com registo de 2,2 mil milhões de meticais (34,1 milhões de dólares).
De acordo com Matlombe, o Governo optou pela manutenção da LAM sob controlo público, envolvendo empresas fortes do sector empresarial do Estado, após avaliar igualmente a privatização e parceria com um investidor estratégico para operacionalizar a empresa. “Os estudos demonstram que, com investimentos adequados e uma reestruturação firme, a LAM poderá alcançar estabilidade operacional e financeira num prazo de três anos”.
“As perdas registadas, são o reflexo de muitos anos de dificuldades acumuladas, não se podendo, de forma isolada, imputar os resultados negativos apenas à gestão da Fly Modern Ark”, disse o ministro.
“Durante a gestão da empresa sul-africana, foram reintroduzidos voos e estabelecida a ligação Beira/Joanesburgo/Beira, incluindo a aquisição de um cargueiro. As referidas acções impactaram negativamente a ‘performance’ operacional da companhia”, evidenciou.
O responsável concluiu que “atrasar e cancelar voos, como ocorre, não pode ser parte da normalidade de um País que ambiciona o desenvolvimento, e é exactamente por isso que é preciso assumirmos, com frontalidade, que é necessário mudar”.
Há vários anos que a LAM enfrenta problemas operacionais relacionados com uma frota reduzida e falta de investimentos, com registo de alguns incidentes, não fatais, associados por especialistas à deficiente manutenção das aeronaves.
Após mais uma sessão do Conselho de Ministros, Inocêncio Impissa, revelou que o valor estimado a ser arrecadado com a venda das acções do Estado, cerca de 130 milhões de dólares (aproximadamente 8,3 mil milhões de meticais), será destinado à aquisição de oito novas aeronaves e à reestruturação da empresa.
Quando a FMA assumiu a gestão da companhia aérea estatal, reconheceu que a mesma tinha uma dívida estimada em cerca de 300 milhões de dólares, e ao longo dos trabalhos realizados, a entidade sul-africana denunciou esquemas de desvio de dinheiro na LAM, com prejuízos de mais de 3 milhões de dólares, em lojas de venda de bilhetes, através de máquinas dos terminais de pagamento automático (TPA/POS) que não são da companhia.
O Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC) instaurou um processo para investigar alegados esquemas de corrupção na venda de bilhetes da transportadora aérea moçambicana e sobre a gestão da frota da companhia, tendo apreendido diversos materiais. (DE)