Por Quinton Nicuete
A pacata vila de Homoíne, localizada na província de Inhambane, viveu momentos de tensão e instabilidade na manhã desta quarta-feira, 19 de fevereiro. O que começou como uma manifestação pacífica da população contra o elevado custo de vida rapidamente evoluiu para confrontos violentos entre manifestantes e as forças de segurança, culminando na ocupação de edifícios públicos e na fuga de dirigentes locais.
Os protestos tiveram como principal motivador o aumento do custo de vida, com ênfase no preço do cimento, um insumo fundamental para construção e desenvolvimento local. A população reivindica a aplicação efetiva do decreto de Venâncio Mondlane, que previa a redução do preço do material, mas que, segundo os manifestantes, não tem sido cumprido de maneira satisfatória.
De acordo com informações divulgadas pelo Canalmoz nas redes sociais, a tentativa das forças policiais de dispersar a multidão com tiros foi o estopim para uma escalada da violência. Relatos apontam que os manifestantes reagiram com fúria, conseguindo superar numericamente os agentes e assumindo o controle da vila. Fontes locais indicam que a revolta ganhou força conforme a repressão policial aumentava, resultando na tomada de edifícios estratégicos, incluindo a sede do Conselho Municipal e do partido Frelimo, que governava a região a 50 anos.
Com a situação fora de controle, relatos indicam que líderes locais, incluindo autoridades municipais, distritais e dirigentes partidário do partido, abandonaram seus postos, temendo represálias. A cidade, sem liderança visível, permaneceu sob a influência dos manifestantes ao longo do dia, criando um cenário de incerteza e temor entre os moradores.
Até o momento, as autoridades da província de Inhambane e do governo central, não emitiram um comunicado oficial sobre os eventos em Homoíne. O silêncio governamental levanta questionamentos sobre quais medidas serão tomadas para retomar a ordem na vila e atender às reivindicações da população.
O episódio em Homoíne reflete um crescente descontentamento social em Moçambique, onde o aumento do custo de vida tem gerado insatisfação popular. Resta saber como as autoridades reagirão: se buscarão uma abordagem pacificadora e de diálogo ou se recorrerão a ações mais enérgicas para retomar o controle da região.
Enquanto as investigações avançam, a incerteza domina a vila de Homoíne, com seus moradores aguardando os desdobramentos dessa crise que expõe fragilidades econômicas e institucionais do país. (Moz24h)