Por CF
A campanha eleitoral do candidato presidencial do partido Frelimo, Daniel tem sido uma oportunidade
rara de ver figuras de proa do partido Frelimo em verdadeira comunhão. As conhecidas guerilhas
internas estão postas de lado e o objectivo comum é único: a vitória de Daniel Chapo e do seu partido.
Filipe Nyusi, o presidente do partido Frelimo e de de Moçambique, disse que a vitória tem que ser
esmagadora. Nyusi que vai abandonar a Ponta Vermelha não quer que o seu partido Frelimo tenha uma
maioria relativa no parlamento. Nyusi prefere uma vitória com números norte-coreanos a que está
habituado no partido. É claro que os números esmagadores em eleições internas são justificados por
normalmente concorrer sozinho. Nos corredores da análise política surgem interrogações sobre o futuro
político de Filipe Nyusi mesmo que o vencedor seja Daniel Chapo.
O facto de um grupo de cidadãos ter submetido uma petição ao Conselho Constitucional para que este órgão analise a constitucionalidade do facto do Presidente da República também ser dirigente de um partido político traz várias leituras e, também muitas interrogações. Há quem acredite que Filipe Nyusi pretende continuar a dirigir o partido Frelimo mesmo com já não sendo Chefe de Estado. A recondução dos presidentes do Conselho Constitucional e do Tribunal Supremo também serve para corroborar esta tese.
O facto de não ter permitido que houvesse eleições internas para a eleição de candidatos a governadores, é outro dado que é usado para sustentar a ideia de que o actual Chefe de Estado quer continuar a ter um papel
preponderante no xadrez político mesmo depois de sair da Presidência da República. Nyusi simplesmente decidiu que os actuais governadores fossem os candidatos do partido Frelimo.
Este cenário traz a o debate uma questão praticamente ainda sem resposta: com o qual dos grupos
existentes no partido Frelimo está Daniel Chapo alinhado?
Nyusi vai dividindo tarefas de Estado com participação na campanha eleitoral. A sua esposa , Isaura
Nyusi, também vai dando cartas na campanha eleitoral. Numa das actividades da campanha eleitoral
apareceu acompanhada de Gueta Chapo, esposa do candidato presidencial do partido Frelimo. Pode ser
isto sinal de uma aliança? Há quem diga que não é bem assim. Aliás, há quem lembre de um vídeo que
se tornou viral aquando da eleição de Daniel Chapo para candidato presidencial, em que Isaura Nyusi
não parece estar satisfeita com o resultado. Mas, apesar disso, o clã Nyusi está a fazer de tudo para ser
tido e achado em caso de vitória de Daniel Chapo.
Há quem jure de pés juntos que Daniel Chapo nunca foi o candidato da ala de Filipe Nyusi. Mas que o Filipe Nyusi e o seu grupo tentam fazer crer que o candidato presidencial do partido Frelimo também foi sua escolha a semelhança do derrotado nas eleições internas do partido, Roque Silva. Empenhado na campanha da Frelimo e de Daniel Chapo
também está o casal Guebuza. O antigo Chefe de Estado e a sua esposa estão a esforçar-se em convencer o eleitorado que o partido Frelimo e Daniel Chapo são a melhor opção. Guebuza não participou em actividades de campanha eleitoral nas eleições que elegeram Filipe Nyusi para um segundo mandato. As suas diferenças são por demais conhecidas e o julgamento e condenação do seu filho, Ndambi Guebuza, no caso das dívidas ocultas acentuou o distanciamento entre os dois. Há quem veja um mão da chamada ala guebuziana na eleição de Daniel Chapo para candidato presidencial do partido Frelimo. Mas há quem prefere acreditar que, a referida ala tem cada vez menos espaço de manobra nos órgãos do partido no poder e não podia influenciar tal eleição. Contudo, uma ideia começa a ganhar visibilidade: Daniel Chapo parece ser um admirador de Armando Guebuza. Aliás, já prometeu reintroduzir os famoso “7 milhões nos distritos” ideia que tem como progenitor o terceiro presidente de Moçambique independente. Recentemente, Armando Guebuza, publicou na sua conta Facebook uma foto com a mãe do candidato presidencial do partido Frelimo.
No desfile de graúdos na campanha eleitoral da Frelimo e do seu candidato também , pode-se juntar o
nome de antigo Chefe de Estado, Joaquim Chissano. Este tem estado muito activo na campanha eleitoral
em várias Províncias do país. Chissano dono de reconhecidas qualidades diplomáticas tem mantido uma
postura de muita ponderação nos conflitos que por vezes emergem no seio do partido Frelimo. Por
vezes, o seu nome também aparece associado á escolha do nome de Daniel Chapo para candidato
presidencial do partido Frelimo.
Activos na campanha eleitoral e a marcarem terreno no círculo de Daniel Chapo também estão Graça
Machel e Samito Machel.
Uma das caracteríticas da renomada activista social e política é que não permite que os presidentes
moçambicanos tenham no poder uma zona de conforto. Num momento apoia-os mas noutro
momento critica-os de forma ruidosa. Joaquim Chissano, Armando Guebuza e Filipe Nyusi tanto
sentiram o calor do seu apoio com a frieza das suas críticas.
Samito Machel que teve uma visível relação conflituosa com Filipe Nyusi e quis ele próprio ser candidato
do partido Frelimo á Presidência de República, também vai mostrando créditos na campanha eleitoral e
há quem diga com objectivo de chegar a lugares de visibilidade política.
Mas independentemente de mais ou menos associados ao círculo mais íntimo de Daniel Chapo, todos os
actores políticos acima referenciados, precisam em primeiro lugar da vitória do partido Frelimo e do seu
candidato. Só depois disso será feita a arrumação do tabuleiro de alianças e interesses.Campanha de Daniel Chapo e da Frelimo: um desfile de graúdos do partido com interrogações sobre o futuro. (Moz24h)