A WaterAid Moçambique efectua, ontem Terça-feira, na Cidade da Beira, em Sofala, o lançamento oficial do Projecto “Sofala Saneamento” (SOFSAN), a sua primeira intervenção naquele ponto do País.
Financiado pela Agência Austríaca para o Desenvolvimento (ADA), esta iniciativa visa melhorar o acesso ao saneamento e reforçar a resiliência das comunidades locais às alterações climáticas nos distritos de Nhamatanda e Marínguè.
Com uma duração prevista de Dezembro de 2024 a Dezembro de 2027, o projecto beneficiará directamente cerca de 75.000 pessoas, abrangendo várias comunidades.
O SOFSAN proporcionará infraestruturas de saneamento resilientes ao clima e promoverá práticas de higiene melhoradas, com o objectivo de erradicar o fecalismo à céu aberto — uma realidade que ainda afecta aproximadamente um terço da população local — e reduzir a contaminação das fontes de água, mitigando riscos significativos para a saúde pública.
Através de uma abordagem integrada e sustentável, o projecto irá:
Formar líderes comunitários em boas práticas de saneamento e gestão local; capacitar mulheres empreendedoras para actuarem no sector do saneamento; reforçar as instituições governamentais locais, garantindo a continuidade e sustentabilidade dos resultados; assegurar serviços de saneamento sensíveis ao género, promovendo a participação activa de mulheres e raparigas e aumentar a resiliência climática das comunidades face a fenómenos extremos como cheias e ciclones, frequentes na região.
A implementação será feita em parceria com a organização local: Associação Comunidade Saudável (ComuSanas), que desempenhará um papel fundamental no envolvimento comunitário e na monitoria das actividades no terreno.
No seu discurso de lançamento do Projecto, o Director da WaterAid Moçambique, Gaspar Sitefane disse:
“O Projecto que hoje lançamos, com o generoso financiamento da Agência Austríaca para o Desenvolvimento, é mais do que uma simples intervenção técnica. Ele representa o começo de um compromisso duradouro com as pessoas, com a saúde pública, com a justiça social e com a resiliência climática. Trata-se de um compromisso que se estenderá a Dezembro de 2027, com impactos que, acreditamos, perdurarão muito além desse prazo”.
Apesar do grande esforço do governo e parceiros, nos dois distritos de implementação, um terço da população local vive sem acesso às condições
adequadas de saneamento. Esta situação compromete a saúde, a dignidade e o futuro de milhares de moçambicanos. No Distrito de Maríngue, por exemplo, de acordo com dados oficiais, 73% da população não têm acesso ao saneamento melhorado e 38% não possui água potável. Em Nhamatanda, cerca de 33% da população continua sem acesso à água, enquanto 28% não têm acesso ao saneamento decente.
“Reconhecemos os esforços do Governo e de outros parceiros de desenvolvimento, aliás, os dados de Nhamatanda mostram que falta pouco para que todas as comunidades sejam declaradas LIFECA – Livres de Fecalismo à Céu Aberto. No entanto, esforços adicionais devem ser empreendidos para que isso possa acontecer nos dois distritos e, à longo prazo, em toda a Província”, frisou Gaspar Sitefane.
