Por Quinton Nicuete
O governador da província de Cabo Delgado, Valige Tauabo, alertou no dia 17 de Maio, para uma nova tática utilizada pelos grupos terroristas que operam na região: o envolvimento de mulheres nas incursões armadas. Durante uma visita ao distrito de Ancuabe, Tauabo reforçou o apelo à população para manter-se vigilante e colaborar ativamente na identificação de qualquer suspeito.
“As incursões estão a nos preocupar cada vez mais nas últimas semanas e agora até mulheres estão a ser usadas para infiltrar as comunidades”, afirmou Tauabo. “É necessário que a população redobre a atenção e denuncie qualquer movimento suspeito, seja homem ou mulher. Só com o envolvimento de todos poderemos proteger Cabo Delgado e garantir o seu desenvolvimento”.
As Forças de Defesa e Segurança, com o apoio do contingente ruandês, continuam a intensificar operações para desmantelar bases inimigas e neutralizar os focos de instabilidade. “O cerco está cada vez mais apertado, mas a vigilância deve começar nas comunidades”, sublinhou o governador.
A situação em Cabo Delgado tem reflexos diretos na província vizinha de Niassa, que também enfrenta uma escalada de violência atribuída a grupos terroristas ligados ao Estado Islâmico. Recentes ataques na Reserva Especial do Niassa resultaram em mortes, desaparecimentos e deslocamentos forçados de comunidades locais.
No dia 29 de abril, militantes atacaram a aldeia de Mbamba, situada na zona de caça de Mariri, matando duas pessoas e deixando outras duas desaparecidas. Este foi o segundo ataque na reserva em menos de uma semana, após uma incursão anterior em 24 de abril. Os ataques levaram mais de 2.000 pessoas a fugir para a cidade de Mecula e áreas circunvizinhas, segundo o ACNUR.
As autoridades moçambicanas confirmaram a presença de insurgentes na região. O ministro da Defesa, Cristóvão Chume, reconheceu as incursões e afirmou que as forças de segurança estão em perseguição aos terroristas.
A violência também afetou projetos de conservação na reserva. A Niassa Reserve, uma das maiores áreas protegidas da África, teve suas operações suspensas após ataques que resultaram na morte de guardas florestais e na destruição de infraestruturas. O grupo extremista Estado Islâmico-Moçambique reivindicou a autoria dos ataques.
A situação em Niassa destaca a necessidade de vigilância contínua e colaboração entre as comunidades locais e as forças de segurança para conter a expansão do terrorismo na região. (Moz24h)