Por Quinton Nicuete e Estacio Valoi
A gigante energética francesa refuta acusações de quebra de promessas feitas à população de Palma, justificando as suas ações com a preparação para o reinício do megaprojeto de gás. Em simultâneo, assina um acordo com a ADIN para fomentar o emprego local e mitigar os impactos sociais.
Palma, Cabo Delgado – O ar está carregado de tensão no distrito de Palma, epicentro do maior investimento privado de África, o projeto Mozambique LNG. Enquanto a comunidade local se queixa de isolamento e de perdas económicas, a TotalEnergies, líder do consórcio, vem a público negar veementemente qualquer quebra de acordos, defendendo que as suas recentes ações são um passo crucial para o recomeço seguro e eficiente das operações.
Nas últimas semanas, avolumaram-se as vozes de descontentamento em Palma. Moradores e pequenos empresários denunciam o que descrevem como o “isolamento” da península de Afungi, o coração do projeto. A queixa central foca-se na transferência de quase todas as empresas subcontratadas e dos seus trabalhadores para o interior do acampamento da TotalEnergies, um complexo agora com segurança reforçada e de “portas fechadas”.
Para a população, o impacto é duplo e severo: por um lado, os negócios locais que dependiam da circulação de trabalhadores e serviços viram os seus rendimentos cair a pique; por outro, as oportunidades de emprego para quem vive fora do perímetro de segurança tornaram-se mais escassas.
Confrontado com estas acusações, o diretor-geral da TotalEnergies, Maxime Rabiloud, apresentou uma perspetiva radicalmente diferente. “Ouvi dizer que operamos de forma isolada, talvez seja um mal-entendido do que estamos a fazer para nos preparar para o início do projeto”, explicou Rabiloud.
Segundo o responsável, a retoma das atividades implica um “acréscimo muito forte” das operações, tornando imperativo que todas as equipas e empresas parceiras estejam centralizadas. “É muito importante que todas as empresas que participaram do início estejam bem preparadas e no mesmo lugar para poder trabalhar e façam um reinício efetivo de qualidade”, argumentou.
Rabiloud foi taxativo ao negar qualquer incumprimento: “Não temos quebra de acordo com a população de Palma e agora estamos a fazer muito mais devido à retoma do projeto. Clarificamos o nosso compromisso de continuar a trabalhar com estas populações”.
Para materializar este compromisso, a TotalEnergies formalizou um memorando de entendimento com a Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte (ADIN). Este pacto, avaliado em 10 milhões de dólares (cerca de 632 milhões de meticais), visa criar mais postos de trabalho e dinamizar a economia nos distritos de Palma e Mocímboa da Praia, áreas profundamente afetadas pelo terrorismo.
Jacinto Loureiro, presidente da ADIN, saudou a iniciativa como “um momento de extrema importância, que vai galvanizar a nossa economia local e o bem-estar das populações”.
Na mesma linha, o Ministro da Planificação e Desenvolvimento, Salim Valá, sublinhou o potencial do acordo para reerguer as comunidades vitimadas pelo conflito. “Queremos daqui a alguns dias visitar os distritos abrangidos e ver iniciativas que resultem na implementação deste memorando, para que as famílias mudem de vida”, afirmou.
Enquanto a TotalEnergies se prepara para reativar um projeto vital para a economia de Moçambique, a população de Palma permanece expectante. Resta saber se este novo investimento será suficiente para sanar as feridas da desconfiança e transformar a promessa de desenvolvimento partilhado numa realidade tangível para todos.
Contudo, a distancia entre os 10 milhões e as promessas anteriormente feitas ‘e assustadora conforme diz umas das fontes por dentro desta questão: “ Obrigado pelas notícias… Parece pouco para Palma que a Total queira ajudar, só que os prejuízos das empresas são 5 vezes maiores. Espero que eles invistam mais… Lembro-me dos acordos de 2013, de Pemba para Palma, em que US$ 2 bilhões deveriam ser destinados ao desenvolvimento rural!!! Onde estão essas promessas? Parece que só há troco. Lembro-me muito bem de quando a Anadarko estava operando em 2013/2014, eles estavam, acredito, em US$ 3 milhões ou US$ 3,8 por dia… Se eles pudessem gastar esse valor diariamente para operações, digamos US$ 100.000 por dia, ou seja, US$ 3 milhões por mês, talvez isso soe melhor… para começar.”
Mais ainda quando o referido montante ‘e canalizado a ADIN que a titulo de exemplo sua Obra em Nampula não saiu do papel, um ano após lançamento da primeira pedra. Passado exatamente um ano desde o lançamento da primeira pedra para a construção dos escritórios da Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte (ADIN) na cidade de Nampula, o projeto continua parado. A instituição justifica a paralisação com um conflito judicial relacionado ao terreno e erros técnicos no projeto inicial. https://opais.co.mz/obra-da-adin-em-nampula-nao-saiu-do-papel-um-ano-apos-lancamento-da-primeira-pedra/
Com tantos carteis, esperemos que os ventos futuros soprem a favor dos verdadeiros beneficiários!
Moz24h