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De acordo com a agência de informação financeira Bloomberg, Manuel Chang deverá ser transferido para os Estados Unidos no próximo mês, depois de quatro anos e meio detido numa prisão na África do Sul pelo envolvimento no escândalo das dívidas ocultas, que atirou Moçambique para uma crise económica e financeira, da qual ainda não recuperou totalmente.
As autoridades norte-americanas alegam que o antigo governante conspirou com banqueiros do Credit Suisse e promotores internacionais para endividar o país em projetos marítimos, como a compra de uma frota contra a pirataria marítima, que acabaram por nunca se concretizar.
Em 2021, o Credit Suisse pagou quase 475 milhões de dólares (433 milhões de euros) para terminar as múltiplas investigações sobre o seu papel neste escândalo, um dos vários que o banco suíço tem enfrentado nos últimos anos, num processo que envolveu também três antigos banqueiros.
“Queremos metê-lo num avião e provavelmente vai estar aqui em julho, em meados de julho ou fins de julho”, disse o procurador Hiral Mehta durante uma audiência no tribunal federal de Brooklyn.
“Vai demorar tempo, mas ele vai ser extraditado”, acrescentou, referindo-se ao processo em que quer a África do Sul, quer Moçambique defendiam o direito a julgar o antigo ministro no seu país.
Moçambique contraiu empréstimos de quase 2 mil milhões de dólares (1,8 mil milhões de euros) para projetos marítimos, mas não os reportou aos parceiros internacionais nem os refletiu nas contas públicas, e quando não pagou as prestações, isso desencadeou um ‘default’ que atirou o país para uma crise económica e financeira.
O caso tornou-se um exemplo da ligação nem sempre transparente entre países africanos e os grandes bancos internacionais, e o processo está em litigação também no Reino Unido.
O julgamento em Londres, em que a Procuradoria-Geral da República e o Credit Suisse e o VTB se acusam mutuamente, deverá começar mais no final do ano, mas pode nem se realizar, dado que as autoridades moçambicanas se têm recusado a entregar vários documentos argumentando que colocam em perigo a segurança nacional. (NM)