Por Redacção
Candidatos ao XLIV Curso Básico de Formação de Guardas da Polícia da República de Moçambique (PRM) denunciaram a cobrança irregular de 1500 meticais para a realização da inspecção médica, valor que não consta do edital oficial do concurso, onde apenas está prevista uma taxa de inscrição de 450 meticais.
A denúncia, descrita por muitos como um “roubo disfarçado”, está a gerar indignação e desconfiança entre os concorrentes, que esperam por um processo justo e transparente. “Ouvi um boato… será que é verdade isso de pagamento dos 1500 meticais para a inspecção médica?”, questionou um candidato, visivelmente preocupado com o rumo do processo.
De acordo com o edital publicado pela PRM, o concurso visa recrutar quatro mil novos agentes para o curso que decorrerá na Escola Prática de Polícia, em Matalana, província de Maputo, com início previsto para Janeiro de 2026. As inscrições decorreram entre 18 de Agosto e 30 de Setembro deste ano, e o processo de selecção inclui provas físicas, inspecção médica, prova escrita e entrevista.
Contudo, apurações feitas pelo Moz24h indicam que, em províncias como Cabo Delgado onde tem apenas 356 vagas, a cobrança dos 1500 meticais estaria a ser exigida a cada candidato como “taxa adicional” para o exame médico, sem qualquer base legal. Caso se confirme, apenas nesta província, onde se inscreveram cerca de nove mil candidatos, o montante arrecadado pode ultrapassar os 13,5 milhões de meticais.
Fontes credíveis ao processo admitem que a demora na publicação dos resultados das provas físicas pode estar relacionada com manobras internas para permitir que todos avancem à fase médica, o que abriria espaço para o alegado esquema de cobrança. “O objectivo pode ser reprovar em massa depois de recolher o dinheiro”, revelou uma fonte sob anonimato.
Entre os candidatos, cresce também o receio do regresso das chamadas práticas de “costas quentes”, onde apenas os apadrinhados por figuras influentes teriam passagem garantida para as etapas seguintes. “Dizem que alguns poderão receber chamadas directas para seguir a Matalana”, contou outra fonte.
Até ao fecho desta edição, o Comando Provincial da PRM em Cabo Delgado ainda não havia divulgado oficialmente os resultados das provas de aptidão física, o que aumenta a ansiedade entre os concorrentes e levanta dúvidas sobre a lisura do processo.
Os candidatos aprovados deverão arcar com as despesas de transporte até à Escola Prática de Polícia, em Matalana, e, caso sejam reprovados na reinspecção, também terão de custear o regresso às suas províncias.
As denúncias exigem uma resposta urgente das autoridades competentes, para garantir transparência num processo que envolve milhares de jovens moçambicanos à procura de um futuro na corporação policial. (Moz24h)
