Por Quinton Nicuete
O clima de tensão política em Moçambique voltou a se manifestar ontem (27 de Março) na cidade de Nampula, durante a visita de três dias do Presidente da República, Daniel Chapo, à província de Nampula. Membros e simpatizantes do partido FRELIMO foram alvo de injúrias e agressões enquanto se dirigiam ao Aeroporto Internacional de Nampula para recepcionar o chefe de Estado.
De acordo com relatos, os ataques partiram de indivíduos que demonstravam insatisfação com a movimentação de pessoas vestindo roupas com os símbolos do partido FRELIMO.
“Eu vinha de casa vestido com capulana, boné e bandeira da FRELIMO, mas fui abordado por alguns jovens que me questionaram: ‘essa roupa ainda existe?'”, contou uma das vítimas.
A hostilidade contra apoiadores da FRELIMO não é um fato isolado e tem se tornado recorrente em diferentes pontos do país, preocupando militantes e dirigentes do partido.
Durante seu primeiro discurso na província desde que assumiu a Presidência da República, Daniel Chapo abordou o incidente e fez um apelo pela liberdade individual e tolerância política.
“Não há nenhum moçambicano que pode ser proibido por outro moçambicano de viajar à vontade, de vestir o que quiser”, declarou. O presidente também criticou qualquer tentativa de imposição sobre a escolha de vestuário: “Se alguém quer usar uma camiseta branca, deve poder usá-la livremente, sem que outro venha dizer que todos têm que vestir preto. Isso não é liberdade, é ditadura.”
A crescente hostilidade contra membros da FRELIMO expõe uma divisão política preocupante no país, com manifestações de intolerância cada vez mais frequentes. Se não forem tomadas medidas para promover um ambiente democrático saudável, o risco de confrontos mais violentos e perseguições políticas pode se agravar.
O governo e as autoridades locais precisarão agir para garantir que todos os cidadãos tenham o direito de se expressar e manifestar livremente suas preferências políticas, sem receio de represálias. (Moz24h)