Por Quinton Nicuete
Mueda, Cabo Delgado – 22 de Julho de 2025: O clima é tenso no distrito de Mueda, província de Cabo Delgado, onde uma vaga de indignação popular e empresarial mobilizou esta na terde desta terça-feira (22), dezenas de cidadãos e comerciantes, que se manifestaram do entroncamento de Lilondo perante à escolta do governador Valige Tauabo, até às instalações do Governo Distrital. O alvo das críticas são as más condições de segurança na estrada N380, no troço Macomia –Awasse, associadas a sequestros de empresários por grupos armados, bem como alegadas cobranças ilegais nos postos de controlo ao longo do percurso.
A chegada do Governador Provincial ao distrito coincidiu com o auge do descontentamento. Populares mobilizaram cartazes e marcharam de forma espontânea, exigindo medidas urgentes. A Unidade de Intervenção Rápida (UIR) esteve presente para conter possíveis excessos, mas não há relatos de confrontos até ao momento. O Governador encontra-se em reunião com representantes do sector privado local para avaliar a situação.

A Delegação Empresarial Distrital da CTA – Confederação das Associações Económicas de Moçambique, emitiu um comunicado contundente na semana passada, anunciando a paralisação total das atividades económicas no distrito entre os dias 21 e 27 de Julho de 2025, como forma de pressão para exigir segurança no troço crítico Awasse–Macomia.
“Na sequência dos sequestros protagonizados por supostos terroristas, que capturam empresários para as matas e exigem resgates, e diante do silêncio das autoridades, comunica-se que todas as atividades comerciais, financeiras, turísticas e de transporte estarão encerradas por sete dias,” lê-se no comunicado.
A nota destaca ainda que, no dia 21, seria realizada uma marcha pacífica, com início no cruzamento de Lilondo até ao Centro de Interpretação do Local Histórico (Massacre de Mueda), em protesto contra a crescente insegurança que mina o ambiente de negócios.
Apesar da ausência de confrontos, a população de Mueda mostra-se cada vez mais “atrevida”, no dizer de alguns residentes, e pronta para reagir a anos de promessas não cumpridas. O protesto de hoje reflete um acúmulo de frustrações, agravadas pelas denúncias de extorsão nas estradas e pela ausência de resposta eficaz por parte das autoridades.
A presença de grupos armados entre Awasi e Macomia transformou o ato de transportar bens ou prestar serviços numa roleta russa. Empresários são abordados, sequestrados e mantidos em cativeiro nas matas, até que resgates sejam pagos. Este ambiente de terror económico está a empurrar muitos para o encerramento forçado das suas atividades, sob o risco de perderem a vida ou o investimento.
A CTA em Mueda acusa o Governo de inação e exige medidas concretas e urgentes. A paralisação geral e a marcha são apenas os primeiros passos de uma agenda de resistência que poderá ganhar novos contornos se a situação não for resolvida. Moz24h
