Por Quinton Nicuete
A tensão social atingiu níveis alarmantes na aldeia Muinde, localizada no posto administrativo de Mecúfi, província de Cabo Delgado, onde o secretário da aldeia escapou por pouco de ser linchado pela população local. O episódio ocorreu há cerca de duas semanas, quando moradores revoltados agrediram brutalmente o líder comunitário, acusando-o de manipulação nas listas de beneficiários das ajudas humanitárias.
Segundo testemunhas, a confusão começou durante o período noturno, quando jovens supostamente apoiantes do ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane flagraram o líder comunitário a registar nomes para supostas assistências humanitárias. A atitude suspeita de fazer as listas durante a noite levantou questionamentos sobre a transparência do processo, levando os populares a confrontarem o secretário.
Sem receber respostas convincentes sobre o motivo da elaboração das listas naquele horário, a população decidiu agir por conta própria e iniciou uma série de agressões violentas contra o secretário, que sofreu ferimentos graves. Testemunhas relataram que o líder comunitário só escapou do linchamento após ser resgatado por alguns moradores que intervieram para conter a fúria coletiva.
Após o ataque, o secretário foi evacuado para o centro de saúde mais próximos, onde recebeu cuidados médicos e permanece em recuperação. Fontes locais afirmam que ele sofreu lesões significativas devido à brutalidade da agressão.
Diante da gravidade do incidente, as autoridades distritais de Mecúfi deslocaram-se até à aldeia Muinde para apelar à calma e condenar a prática de justiça pelas próprias mãos e sublinharam a importância de se respeitar os canais legais para resolver conflitos e esclarecer eventuais irregularidades.
Apesar da gravidade do episódio, nenhuma detenção foi realizada até o momento. As autoridades alegam que estão a apurar os detalhes para identificar os responsáveis pelas agressões e esclarecer as circunstâncias que levaram ao incidente.
O caso expõe um cenário preocupante de insatisfação social e falta de confiança nas lideranças locais. A suspeita de manipulação das listas de beneficiários gerou uma onda de revolta que culminou em violência, evidenciando a necessidade de mecanismos claros e participativos na gestão das assistências humanitárias.
É urgente que as autoridades investiguem o caso com seriedade e garantam que os responsáveis pelas agressões sejam responsabilizados, mas também que a gestão das ajudas humanitárias seja transparente e justa, evitando futuros episódios de violência e tensão comunitária. (Moz24h)