Economia

Ilha da Inhaca: O Paraíso Escondido a 40 Quilómetros da Capital

Texto: Ana Mangana Fotografia: Istock Photo

Inhaca é uma ilha situada à entrada da baía da capital, com 52 quilómetros quadrados e integrada no extremo norte do Parque Nacional de Maputo, uma área que foi recentemente reconhecida como Património Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). De beleza única, oferece aos visitantes praias com grande diversidade de espécies marinhas tais como corais multicores (tornando-a ideal para o ‘snorkeling’), tartarugas e grande variedade piscícola.

Esta ilha foi abençoada com uma costa forrada de areia branca, fina e quente, em todo o seu redor, tanto a poente, onde o mar da baía é mais calmo, como a nascente, com o oceano Índico aberto pela frente. Ao percorrer o litoral da ilha num pequeno barco de pesca, é fácil ficar de olhos arregalados com recantos de sonho, em quilómetros de paisagem praticamente virgem, dando a ideia de se estar sozinho no mundo. Na paisagem, ainda se ergue o famoso farol, situado no cume do monte Inhaca, construído em 1894 para dar auxílio ao fluxo de tráfico marinho dirigido ao porto de Maputo.

Localizada a cerca de 40 quilómetros da costa de Maputo, esta ilha surpreende pela beleza natural, pela tranquilidade e pelas águas cristalinas que nada ficam a dever a praias das Caraíbas ou das Maldivas.

Passeios de barco para construir memórias

Para alcançar este refúgio – que também abriga um centro de pesquisa marinha – há embarcações que partem da Escola Náutica de Maputo, fazendo uma travessia tranquila pela baía. A viagem inclui, muitas vezes, uma paragem na Ilha dos Portugueses – uma faixa de areia branca, a escassos 200 metros da Inhaca, praia predilecta de muitos visitantes. Costuma incluir ainda alguns locais ideais para ‘snorkeling’ e observação da vida marinha. O percurso de Maputo para a Inhaca e regresso pode ser organizado através de empresas locais.

 

Há ainda, como alternativa, barcos de passageiros que partem do porto de Maputo para servir a população e comerciantes da Inhaca. É uma viagem muito mais económica, mas com horários irregulares e menos conforto.

Património, paisagem e modos de vida

A ilha apresenta uma paisagem diversificada que alterna entre áreas de mangal, praias quase desertas e zonas de vegetação tropical. A vila principal concentra a maioria das habitações e serviços básicos e serve de base para quem quiser desfrutar de praia e passeios de barco. Mas outro encanto da Inhaca revela-se nas áreas menos exploradas, onde predominam o silêncio e o contacto com a natureza. Com paciência e na altura certa do ano, pode ser possível observar golfinhos, baleias jubarte e dugongos.

Diz-se que é uma “ilha abençoada” com uma costa forrada de areia branca, fina e quente, pródiga em recantos paradisíacos

Um dos pontos de interesse é o Farol da Inhaca, construído durante o período colonial, que oferece uma vista panorâmica sobre a costa e o canal que separa a ilha do continente. Nas proximidades, subsistem ruínas históricas que recordam a antiga presença portuguesa.

Para explorar o interior da ilha, é comum recorrer ao aluguer de viaturas de tracção às quatro rodas, geralmente com a companhia de guias locais, que conhecem os trilhos e evitam que alguém perca horas até reencontrar o caminho. O custo médio de um passeio deste tipo é de 1000 meticais, valor que inclui os serviços de motorista e guia.

Sabores locais e hospitalidade

A gastronomia da Inhaca reflecte a ligação profunda ao mar. O restaurante do Lucas, situado na vila principal, é uma das paragens obrigatórias, conhecido pela variedade e frescura dos mariscos. As refeições, que variam entre 250 e 450 meticais, devem ser encomendadas com antecedência, dada a limitação da oferta local.

A hospitalidade é um traço marcante dos habitantes da ilha, que mantêm práticas culturais ligadas à liderança tradicional, sob a autoridade de um régulo (chefe de povoação). Este modelo comunitário tem contribuído para a preservação ambiental e para a convivência equilibrada entre turismo e vida local.

Além do valor turístico, a Inhaca tem um papel relevante na investigação científica. A ilha acolhe a Estação de Biologia Marinha da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), que há décadas desenvolve estudos sobre biodiversidade e conservação marinha. Esta vertente científica reforça a importância da ilha como laboratório natural e espaço de aprendizagem sobre o ambiente costeiro moçambicano.

Autenticidade e equilíbrio

Com infra-estruturas limitadas e uma oferta turística ainda modesta, a Ilha da Inhaca mantém a autenticidade que a distingue e o convívio com a população é constante. A proximidade a Maputo facilita o acesso, mas é a sensação de distância, combinada com a pureza da paisagem e a cordialidade dos habitantes, que tornam o destino inesquecível.

O restaurante do Lucas, situado na vila principal, é uma das paragens obrigatórias, conhecido pela variedade e frescura dos mariscos

Para uma visita segura e confortável, recomenda-se levar água potável, chapéu, protector solar e roupa leve, sobretudo durante o Verão, quando o calor e a luminosidade tornam o mar ainda mais convidativo. Cuidado com os escaldões!

Mais do que um ponto no mapa, a Inhaca é uma síntese de história, natureza e tradição, um lembrete vivo de que o verdadeiro luxo pode residir na simplicidade dos lugares ainda preservados.

Como chegar

Reserve transporte numa lancha privada (partida da Escola Náutica de Maputo) ou viaje no barco de passageiros que sai do porto de Maputo. O trajecto de lancha dura cerca de 45 minutos. Opções de alojamento como o Fernando Nhaca Lodge oferecem quartos e organização de passeios locais, refeições com marisco fresco e pratos típicos moçambicanos.

 

(DE)

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