Por Adriano Nuvunga
Em Moçambique, o caráter dos defensores de direitos humanos é sistematicamente atacado – não apenas verbalmente, mas também fisicamente, através de inúmeros assassinatos. Durante os períodos eleitorais, é comum a circulação de textos e narrativas que visam destruir a personalidade e o caráter daqueles que lutam pela verdade e pela justiça. Tais ataques procuram minar a credibilidade e a dignidade dos ativistas, artistas e de todos que defendem os direitos humanos.
Esta introdução refere-se ao texto adotado no livro de Língua Portuguesa da oitava classe, em vigor desde 2020. Nele, os autores optaram por utilizar um conteúdo negativo que desvirtua a imagem do músico e rapper de intervenção, mais conhecido como Azagaia (nome de nascimento Edson da Luz). Esse texto o retrata como um bandido preso pela polícia e um vilão, quando, na verdade, Edson da Luz sempre foi visto como um herói pela juventude que luta pela democracia, justiça e direitos humanos. Enquanto os heróis da luta de libertação nacional já não ressoam entre os jovens de hoje, figuras como Azagaia simbolizam a esperança e a resistência.
Trata-se, portanto, de um texto escrito com a intenção maliciosa, patrocinado pelo regime da Frelimo, que ensina às crianças da oitava classe uma visão depreciativa dos defensores de direitos humanos. Em vez de promover valores como justiça, dignidade e solidariedade, esse material busca denegrir a imagem daqueles que se dedicam a defender a verdade.
Esse é o cenário que os defensores de direitos humanos e todos os que lutam pela justiça enfrentam diariamente. Lamentavelmente, essa situação precisa ser veementemente condenada e levada ao tribunal, para que se restaure a dignidade e se resgate o nome do músico, cuja memória continua sendo alvo de ataques mesmo após sua morte. É uma realidade triste que demanda uma resposta urgente e eficaz para preservar a identidade e a honra daqueles que lutaram – e continuam a lutar – pela justiça e pelos direitos humanos em nosso país. Bhayethe Azagaia!
(Moz24h)