Por CDD
É com grande indignação que condenamos, de forma veemente, a interferência inaceitável do Presidente da República da África do Sul, Cyril Ramaphosa, ao manifestar publicamente o seu apoio ao candidato presidencial da Frelimo, Daniel Chapo, em plena campanha eleitoral para as eleições de Moçambique, agendadas para o próximo dia 9 de Outubro. O encontro realizado ontem, em Pretoria, entre o Presidente Ramaphosa e o Secretário-Geral da Frelimo, Daniel Chapo, no qual o ANC garantiu o seu apoio à Frelimo, constitui uma clara violação dos princípios de não interferência nos assuntos internos dos Estados soberanos, consagrados tanto pela SADC quanto pela União Africana.
A intervenção do Presidente Ramaphosa a favor de um candidato específico, no meio de uma campanha eleitoral, representa um flagrante abuso de sua posição como Chefe de Estado e como líder de um partido dominante numa nação vizinha. Tal atitude interfere diretamente no processo democrático de Moçambique, colocando em risco a legitimidade das eleições e comprometendo o espírito de cooperação e neutralidade que deveria prevalecer nas relações bilaterais e regionais.
Tanto a SADC quanto a União Africana têm normas claras que promovem a imparcialidade e a não interferência nos processos eleitorais de Estados-membros, com o objetivo de garantir eleições livres, justas e transparentes. Ao tomar partido e influenciar diretamente o cenário político de Moçambique durante um período tão sensível como a campanha eleitoral, o Presidente Ramaphosa desrespeita essas normas, enfraquecendo o compromisso coletivo da região com a estabilidade democrática.
É inaceitável que um líder de um país vizinho utilize a sua posição para influenciar os resultados eleitorais de uma nação soberana.
Tal atitude compromete a confiança nas instituições
democráticas e cria um precedente perigoso para a democracia em toda a região da SADC.
Convidamos, portanto, tanto a SADC quanto a União Africana a tomarem uma posição firme sobre esta questão, assegurando que todos os líderes da região respeitem os princípios de não-intervenção e promovam um ambiente propício para eleições livres e justas, sem influências externas. (Moz24h)