Durante o webinar “Verdade e Justiça para as Violações de Direitos Humanos no Contexto Pós-Eleitoral em Moçambique”, realizado a 11 de março de 2025, Zenaida Machado foi enfática ao afirmar: o que está a acontecer em Moçambique não é um fenómeno novo. A diferença reside no contexto atual, em que as redes sociais e o activismo vibrante da juventude têm iluminado o que antes era invisibilizado.
Jovens moçambicanos, com coragem e criatividade, têm liderado formas inovadoras de denúncia e resistência. Contudo, os abusos hoje denunciados têm raízes profundas. A Human Rights Watch, organização representada por Zenaida, tem documentado essas violações há anos.
Em janeiro de 2018, publicou o relatório “The Next Time to Die: State Security Forces and RENAMO Abuses in Mozambique”, denunciando graves violações cometidas entre 2015 e 2016, após as eleições de 2014, incluindo mortes, desaparecimentos forçados, detenções arbitrárias, execuções sumárias e destruição de infraestrutura — sobretudo na região de Gorongosa. Como essas atrocidades ocorreram em zonas remotas, foram em grande parte ignoradas.
O conflito terminou com um acordo de paz superficial, que concedeu anistia geral aos envolvidos, sem qualquer forma de responsabilização. À época, a Human Rights Watch alertou que a impunidade abriria caminho para novos ciclos de violência. Infelizmente, a previsão concretizou-se.