— Ismael Miquidade
I
Na voz da comunidade, a mamã grita na rua:
“Caiam por terra as garrafas, basta desse veneno!
Homens caem na sombra, filhos choram nas calçadas,
o xivotchanga espalha medo e desespero pleno.”
II
O xivotchanga corre, corre, espalhando dor;
cada garrafa aberta deixa um filho sem calor.
“Classe dirigente, vocês estão bem?
Enquanto tudo arde, ninguém se importa com ninguém.”
III
A voz feminina se eleva, ninguém consegue calar:
“Um dia dormiremos de olhos abertos diante dos chefes,
veremos o medo tremer em seus olhares pulsantes,
e despertaremos os ousados, quebrando suas correntes.”
IV
Somos milhares, ruas inteiras a ecoar:
“Fechem as fábricas, basta dessa prece!
Quem manda que trema, não vamos descansar,
o povo desperta, a justiça se irmana e aparece.”
V
Entre gargalhadas e fúria viva:
“Xivotchanga, adeus! Hoje é o nosso dia;
quem matou a força sente agora nossa ira.
Contem com as mulheres: a força é coletiva!”
• Ismael Miquidade