Politica

Venâncio Mondlane questiona legitimidade do diálogo nacional e fala em “regime disfarçado de pluralismo”

O partido Anamola, de Venâncio Mondlane (no foto ao centro), foi aprovado em 15 de agosto pelo Governo moçambicanoFoto: Álvaro Jaime/DW

 

Por Quinton Nicuete

O presidente da recém-criada Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autónomo (ANAMOLA), Venâncio Mondlane, considera que o actual processo de diálogo nacional em Moçambique carece de transparência e inclusão, salientando que a sua eficácia dependerá da abertura e da participação dos verdadeiros protagonistas da crise política que se seguiu às eleições de 2024.

Em declarações à Integrity Magazine News, Mondlane criticou a forma “sub-silenciosa” como o processo tem vindo a ser conduzido, afirmando que “não se pode falar de diálogo nacional quando este ocorre à porta fechada e exclui quem, de facto, esteve no centro das reivindicações populares”.

O político argumenta que o problema de Moçambique não reside apenas nos partidos, mas num “regime” mais amplo que inclui formações políticas que, mesmo estando na oposição, “funcionam como extensões do partido no poder”.

“Não é apenas a Frelimo. É todo um regime. Há partidos que, por conveniência, preferem preservar a estrutura existente. O diálogo só será produtivo se for aberto, intenso e com prestação de contas ao povo”, sublinhou.

Mondlane lamentou também o facto de a ANAMOLA e os movimentos cívicos que lideraram os protestos pacíficos pós-eleitorais terem sido deixados de fora da Comissão Técnica do Diálogo Nacional, apesar de, segundo o próprio, terem sido “os verdadeiros motores da contestação cívica”.

“É um paradoxo. Aqueles que estiveram na linha da frente das manifestações e impulsionaram a necessidade de diálogo são agora afastados do processo que pretende definir os seus próprios termos”, afirmou.

Para o líder da ANAMOLA, esta exclusão representa uma tentativa deliberada de “encenar um diálogo genuíno, quando, na realidade, se procura o contrário”.

“Moçambique viveu a mais grave crise pós-eleitoral da sua história recente, uma crise não provocada por armas, mas por consciência cívica. Ignorar quem esteve envolvido nesse processo é desvirtuar o verdadeiro significado do diálogo nacional”, concluiu Mondlane, alertando que o país enfrenta “uma crise existencial de natureza política”. (Moz24h)

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