Por CF
A tomada de posse dos deputados marcada para esta segunda-feira na Assembleia da República e a do
quinto presidente moçambicano, Daniel Chapo, marcada para a quarta-feira estão “ameaçadas” pelas
manifestações convocadas pelo líder da oposição, Venâncio Mondlane.
Mondlane que chegou ao país na última quinta-feira depois de um exílio de mais de dois meses em
parte incerta, convocou três dias de greve nacional a começar nesta segunda-feira. Mondlane também
convocou “manifestações pacíficas” para hoje e quarta-feira, dias agendados para a tomada de posse
dos deputados e do novo Chefe de Estado moçambicano, Daniel Chapo. A manifestações serão contra “
os traidores do povo” esta segunda-feira, e contra “os ladrões do povo” na quarta-feira.
A referência aos “ traidores do povo” remete ao partido Podemos, formação política que apoiou a candidatura
presidencial de Venâncio Mondlane mas que recusou os apelos deste para que os seus deputados não
tomassem posse na Assembleia da República em cerimónia agendada para hoje. Apesar dos apelos de
Venâncio Mondlane para que os deputados eleitos pelo partido Podemos não tomassem posse, esta
formação política confirmou através do seu presidente, Albino Forquilha, que o faria. Mondlane
argumentou que era preciso honrar “ os moçambicanos mortos na luta pela verdade eleitoral”. Na sua
última comunicação através da sua conta “Facebook”, Venâncio Mondlane, disse, entre outras coisas,
que “ já ninguém se lembra dos mortos “.
A greve nacional convocada por Venâncio Mondlane vai acontecer durante três dias das 8h as 17h. É expectável que as cidades de Maputo e Matola sejam as mais afectadas pela greve nacional. Como também é de esperar que os apoiantes de Venâncio Mondlane ergam barricas nas ruas e dificultem a mobilidade nas duas cidades referenciadas.
Por agora não é possível saber se a greve nacional e as manifestações convicadas pelo líder da oposição
moçambicana vão afectar as duas cerimónias de tomada de posse agendadas para hoje e quarta-feira.
A cerimónia de tomada de posse dos deputados contará com a presença do actual presidente
moçambicano, Filipe Nyusi.
Outra expectativa à volta da greve nacional e das manifestações convocadas por Venâncio Mondlane é a
actuação da Polícia. A forma como a Polícia reprime as manifestações é extremamente questionável. A Polícia recorre a disparos de balas reais para reprimir manifestações pacíficas. Em muitos dos casos nem sequer é
possível aferir as razões de tais disparos. O número de manifestantes mortos cresce exponecialmente,
como também cresce o número de feridos. É difícil saber o tipo de protocolos estabelecidos na
Corporação para os casos de repressão de manifestações. Em muitos vídeos disponíveis nas redes
sociais, é possível ver agentes da polícia a dispararem contra manifestantes indefesos.
Frelimo e Podemos já estruturados no Parlamento
O partido Frelimo já começou a estruturar-se para a nova legislatura. Informações disponíveis indicam
que o partido maioritário na Assembleia da República vai indicar o nome da Margarida Talapa para
presidente da Assembleia da República. E para chefe da bancada parlamentar da Frelimo foi indicado,
Feliz Avelino, que na legislatura passada foi porta-voz da bancada parlamentar da Frelimo.
O partido Podemos também já está estruturado para a nova legislatura que marca a sua estreia na
Assembleia da República. Segundo informações na nossa posse, Fernado Tomé Jone, deverá ser vice-
presidente da Assembleia da República. Sebastião Avelino Mussanhane é o chefe da bancada e Rute
Venâncio Manjate a vice-chefe da bancada. Elísio Calisto Muaquia é o relator e Ivandro Massingue o
porta-voz da bancada. (Moz24h)