Por Quinton Nicuete
A província de Cabo Delgado volta a ser palco de violência. Desde o dia 28 de março, terroristas têm intensificado os ataques no distrito de Ancuabe, mergulhando as comunidades locais no medo e no desespero.
Os ataques têm sido brutais. Nos últimos dias, várias aldeias foram invadidas e incendiadas, forçando milhares de pessoas a abandonar as suas casas e plantações, justamente num período em que as famílias se preparavam para fazer as suas colheitas.
“Ontem queimaram casas levaram motas e outros bens nas aldeias Nacole, Ngura das 17h e só saíram hoje de madrugada . Nacole primeira aldeia na entrada para base Chaimite”. Disseram fontes no local
Há três dias, os insurgentes bloquearam a estrada EN14, que liga Ancuabe ao distrito de Montepuez. Durante a ação, queimaram dois camiões, sendo que um deles transportava produtos alimentares da ACNUR, destinados a vítimas de ciclones e do próprio terrorismo.
Anteontem, a violência atingiu a aldeia Nkole, onde vários civis foram feridos. E ontem, a aldeia Ngura foi atacada com fúria: o centro de saúde local foi vandalizado, mais de 30 casas foram incendiadas, duas igrejas foram queimadas, e na retirada, os terroristas roubaram bicicletas e motorizadas da população.
A população vive em total pânico. Famílias inteiras estão a fugir em busca de segurança, muitas vezes sem destino certo. Deixam para trás não apenas bens materiais, mas também plantações que garantiriam a sua sobrevivência ao longo do ano.
A situação é alarmante. Enquanto os ataques continuam, cresce o sentimento de abandono e desamparo entre as comunidades.
Até quando o povo de Ancuabe e de Cabo Delgado terá que suportar esta dor, viver na incerteza e fugir das suas próprias terras? (Moz24h)