Por: Mui Woothaceria
Dizem que os deputados vieram a Ancuabe e deram nota positiva ao trabalho do Governo Distrital. Mas positiva em quê, afinal? Foi a pergunta que um cidadão, que vou chamar de IN, lançou de forma corajosa nas redes sociais.
IN não fez discursos longos, nem usou palavras bonitas. Fez aquilo que qualquer pessoa faz quando quer clareza: perguntou. E as perguntas dele foram certeiras, daquelas que mexem com a consciência de quem lê.
Quantas escolas novas temos no distrito? Quantos hospitais? Quantas casas foram construídas para as famílias que mais precisam? E as ruas, estão organizadas? As covas daquela única estrada da sede já foram tapadas ou continuam a fazer tropeçar pessoas e carros?
IN não parou por aí. Lembrou da água, essa que continua a ser um drama diário neste distrito Central de Cabo Delgado. Perguntou se abriram novos furos, se melhoraram a única fonte existente, e se pelo menos algumas famílias já deixaram de beber água imprópria.
Depois foi à energia: quantas aldeias estão ligadas à Cahora Bassa ou Rede Nacional? Quantas casas na sede receberam corrente eléctrica só neste ano?
No campo, quis saber: quantos agricultores receberam insumos? E na mesa das famílias, será que em Ancuabe já se come pão e frango produzidos aqui mesmo?
Até na saúde a dúvida ficou: quantas viaturas existem para socorrer os doentes?
No fim, a lista virou quase um refrão: “quantos, quantos, quantos…?”. Um eco que revela não só impaciência, mas também desconfiança. Porque, de que vale nota positiva se o povo não sente diferença no chão que pisa, na água que bebe, na comida que come ou no hospital que procura?
A crónica de IN é, na verdade, a voz de muitos. É o lembrete de que aplausos políticos não matam fome, não tapam buracos, não ligam energia, nem curam doenças. O que o povo quer ver são resultados reais realmente, concretos concretamente, palpáveis, contáveis.
E talvez a grande pergunta que fica seja só uma: positiva para quem?
