Por Luis Nhachote
Excelentíssimo Senhor Filipe Jacinto Nyusi, Presidente da República de Moçambique e do partido Frelimo,
Excelência,
Permita-me, imbuído de patriotismo e moçambicanidade, e do alto da minha insignificância, dirigir-me a Vossa Excelência com todo o respeito que merece.
O nome desta pátria de heróis, uma vez mais, ecoa pelos piores motivos, como um grito desesperado aos ouvidos das nações comprometidas com a civilização, a decência e a tolerância. As execuções bárbaras de dois pais de família – Elvino Dias e Paulo Guambe – cravados com 25 tiros, escandalizam o país e o mundo.
São crimes hediondos, que nos colocam novamente nas vitrines da indignação global. E quase todos os que têm um compromisso com a justiça já tornaram pública sua revolta. A nossa mãe Isaura Nyusi, o candidato Daniel Chapo, o camarada Mety Gondola, e a mãe Graça Machel expressaram as suas condenações. No exterior, temos António Guterres, a União Europeia, a Commonwealth. Internamente, várias associações socioprofissionais ergueram as suas vozes em protesto.
Porém, o silêncio de Vossa Excelência é ensurdecedor. Como disse Martin Luther King, “o que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”. E o seu silêncio, Senhor Presidente, diante de tamanha violência, nos deixa a todos perplexos. Quando o seu filho cometeu um crime, atropelando uma criança, lá estava o senhor no hospital, reconhecendo o erro. No entanto, neste momento de crise política, quando as ruas clamam por justiça, o senhor permanece calado. Não seria este o momento de se pronunciar, de acalmar a nação, de liderar com coragem e não com o silêncio?
O povo espera, Excelência. É o mau trabalho da sua assessoria que o impede de falar ou é sua própria escolha? É a falta de microfones ou a ausência de vontade política?
Diga algo, Senhor Presidente.
Com votos de uma noite serena.
Atenciosamente
Luis Nhachote