Por Quinton Nicuete
O clima de tensão entre o Conselho Municipal de Pemba e a empresa Moz Environmental, acusada de poluir o ambiente no bairro de Metula, intensificou-se esta semana, depois de declarações contraditórias sobre a eventual transferência da unidade de incineração de resíduos sólidos da empresa.


O presidente do Conselho Municipal, Satar Abdul Gani, garantiu que ainda não recebeu qualquer comunicação oficial sobre a mudança anunciada pela empresa. “Só vou acreditar quando houver uma notificação formal. Enquanto isso não acontecer, continuaremos com o nosso estudo independente de auditoria ambiental”, afirmou Gani, sublinhando que a autarquia quer comprovar com base científica as denúncias apresentadas pela população local.
Segundo o edil, a decisão de realizar uma pesquisa independente surge para esclarecer alegações de contaminação atmosférica e de resíduos perigosos associadas às atividades da Moz Environmental. O Conselho Municipal defende que o estudo irá responsabilizar todos os intervenientes caso se confirmem danos ambientais.
A empresa, por sua vez, nega qualquer irregularidade. O porta-voz, Alfredo Zandamela, afirmou que a Moz Environmental opera dentro dos padrões legais e ambientais internacionalmente aceites e que a transferência da unidade visa melhorar a convivência com a comunidade e o município.
Zandamela acrescentou que o processo de realocação poderá demorar entre um ano e um ano e meio, dependendo da obtenção de licenças e autorizações para o novo espaço, localizado nas imediações do aterro sanitário municipal. “O município identificou aquele local como o mais adequado. Assim que tivermos todas as autorizações, iniciaremos o processo de reinvestimento”, disse o porta-voz.
Durante o período de transição, a empresa garante continuar a aplicar medidas de segurança ambiental e monitorização de ventos, interrompendo as operações sempre que as condições meteorológicas representem risco para as comunidades vizinhas.
A Moz Environmental revelou ainda estar a desenvolver iniciativas de responsabilidade social, como estágios remunerados para jovens locais e projetos de apoio às mulheres da comunidade, num esforço para reparar as relações com os residentes de Metula.
A controvérsia ocorre num contexto de forte pressão pública após a morte de duas crianças, alegadamente devido à inalação de fumos tóxicos provenientes das operações da empresa, um caso que está sob investigação pela Procuradoria Provincial de Cabo Delgado.
Enquanto o município insiste na realização de um estudo independente e na suspensão temporária das atividades, a empresa mantém-se em funcionamento, amparada por uma decisão provisória do Tribunal Administrativo, que levantou a suspensão imposta pela autarquia.
A população de Metula, entretanto, continua à espera de respostas concretas sobre os riscos ambientais e de saúde pública decorrentes da permanência da unidade de incineração naquela zona residencial. (Moz24h)
