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MSF alertam para condições de vida em campos de Cabo Delgado

A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) alertou hoje para a deterioração das condições de vida, como falta de água e saneamento, nos centros de reassentamento das vítimas da nova onda de ataques na província moçambicana de Cabo Delgado.

“As condições de vida nos acampamentos estão-se deteriorando, principalmente devido ao acesso limitado à água potável e saneamento. A situação deve piorar com a chegada da época chuvosa e o aumento do risco de doenças transmitidas pela água”, lê-se na nota daquela Organização Não-Governamental (ONG), divulgada hoje.

Em causa está uma nova vaga de ataques atribuídos a grupos terroristas, que provocou quase 93 mil deslocados de Cabo Delgado e Nampula, norte de Moçambique, desde finais de setembro, segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Paralelamente ao problema de água e saneamento, os Médicos Sem Fronteiras adiantam na mesma nota que estão a intensificar as atividades de acompanhamento médico, sobretudo em três centros de reassentamento, nomeadamente Eduardo Mondlane, Nandimba e Lianda, no distrito de Mueda, em Cabo Delgado, onde esta organização estima que chegaram cerca de 23 mil deslocados após esta nova vaga de ataques.

“Mesmo que não vejamos muitas emergências médicas agudas no momento, as necessidades de saúde persistem. O sistema de saúde local não consegue lidar com a chegada contínua de pessoas em busca de segurança, o que pressiona recursos já limitados”, disse Pedro Basílio, supervisor da MSF, citado na mesma nota.

Só nos centros de reassentamento de Mueda, acrescenta, os elementos dos MSF visitaram, entre 03 e 15 de outubro, pelo menos 970 famílias, tendo encaminhado 315 pessoas que precisavam de atendimento médico para o Hospital Distrital de Mueda ou para o centro de saúde mais próximo.

“As equipas da MSF também realizaram mais de 400 sessões de sensibilização em grupo, que contaram com a presença de mais de 4.500 pessoas”, lê-se.

Face aos impactos psicológicos causados pelos repetidos deslocamentos e insegurança prolongada, os MSF estão também a avançar com atividades de saúde mental e apoio psicossocial em Mueda, complementando as intervenções comunitárias em andamento.

“Ansiedade, sintomas psicossomáticos e pós-traumáticos são as condições mais frequentemente relatadas nos acampamentos. Até ao momento, as equipas de MSF realizaram 65 sessões de saúde mental em grupo, com mais de 600 participantes”, aponta.

A província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, rica em gás, é alvo de ataques extremistas há oito anos, com o primeiro ataque registado em 05 de outubro de 2017, no distrito de Mocímboa da Praia.

O Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, considerou, em 06 de outubro, como “atos bárbaros” e contra a “dignidade humana” os ataques que se registam em Cabo Delgado.

O Projeto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (ACLED) contabiliza 6.257 mortos ao fim de oito anos de ataques em Cabo Delgado, alertando para a instabilidade atual.

A Organização das Nações Unidas (ONU) estimou que pelo menos 44 pessoas morreram e outras 208 mil foram afetadas no mês de agosto pelos ataques de grupos extremistas em Cabo Delgado (Lusa)

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