No decurso do Economic Briefing da CTA – Confederação das Associações Económicas de Moçambique, que decorreu a 9 de Novembro, Salim Cripton Valá, presidente do conselho de administração (PCA) da BVM, apresentou uma análise detalhada do desempenho do mercado de capitais no terceiro trimestre deste ano e as perspectivas de evolução futura.
No que se refere ao desempenho da Bolsa, a tendência é claramente positiva. “Houve uma evolução em todos os indicadores, sem excepção, face ao período homólogo do ano anterior e também face ao segundo trimestre, com destaque para o da Dívida Corporativa (+53,8%), Volume de Negócio (+38,8%) e Índice de Liquidez (+36,2%)”. Concretamente, a capitalização bolsista (valor de mercado das empresas e títulos), acumulada até ao final de Setembro, subiu 25,3% para 178 mil milhões de meticais e passou a valer 25% do PIB (percentagem que era apenas de 21% há um ano), enquanto o volume de negócios (total de transacções) cresceu 40% para 19,3 mil milhões de meticais. Na comparação com o trimestre anterior, os dois indicadores também melhoraram: +1,8% capitalização bolsista; +38,8% volume de negócios.
Número de títulos cotados já ultrapassou o objectivo para este ano
O número de títulos cotados até ao final do terceiro trimestre também ascendeu para 76 (eram 66 no último trimestre e 58 no período homólogo), estando acima do objectivo de 72 fixado para o final de 2023. O número de empresas cotadas mantém as 13 registadas no trimestre anterior (mais duas que no período homólogo) na vertente de acções, ao passo que na dívida corporativa subiu para 20 (mais sete que no segundo trimestre).
No que se refere ao financiamento à economia, a contribuição da Bolsa ascendeu a 303 mil milhões de meticais (crescimento de 21% face ao período homólogo anterior, mas de apenas 3% face ao último trimestre), dos quais 84% foram destinados ao Estado e 16% ao sector privado. Por fim, o índice de liquidez (turnover) subiu para 10,83%, melhor que os 9,7% do período homólogo de 2022 e, sobretudo, que os 7,95% registados no trimestre anterior.
Segundo Salim Cripton Valá, outro dos destaques deste trimestre são as 11 novas emissões, das quais cinco de Papel Comercial, quatro de Obrigações do Tesouro e duas de Obrigações Corporativas, no valor total de 9,8 mil milhões de meticais. “As emissões de papel comercial tiveram um crescimento notável. Elas são um importante instrumento de financiamento de curto prazo das empresas que tem sido pouco utilizado, dado que não houve quaisquer emissões, tanto no trimestre anterior, como no trimestre homólogo de 2022”.
De referir que as cinco emissões, que totalizaram 1,18 mil milhões de meticais à taxa de juro média de 18,63%, foram emitidas por apenas três empresas: Banco BiG (1), Bayport (3) e MyBucks (1).
Menos emissões de Obrigações do Tesouro, com menor taxa de juro
O balanço é menos positivo para as Obrigações do Tesouro (OT). “Foram emitidos menos 40% do valor de OT em relação ao período homólogo de 2022, o que é uma tendência para a redução do stock da dívida pública interna. E também se registou uma descida nas taxas de juro dado que as quatro novas emissões de OT foram realizadas a uma taxa média de 16,12%, quando, neste mesmo trimestre, os juros das emissões anteriores de OT foram pagos a uma taxa média de 18,74%”.
No que se refere às Obrigações Corporativas, as duas emissões no valor de 774 milhões de meticais pagaram juros à taxa média ponderada mais elevada de 22,93%, enquanto a Dívida Corporativa pagou juros de emissões anteriores no montante de 89 milhões de meticais, à taxa média de 18,8%.
A nível dos destaques por empresas, a CDM – Cervejas de Moçambique foi a que registou o maior volume de negociação (4,25 milhões de meticais), seguida da CMH (Companhia Moçambicana de Hidrocarbonetos) e HCB (Hidroeléctrica de Cahora Bassa). Durante este período, a Central de Valores Mobiliários (CVM) registou 51 eventos corporativos – 34 relativos ao pagamento de juros, dois ao pagamento de dividendos, um de amortização de capital, um de aumento de capital social e 13 de registo de novos valores mobiliários). (DE)