Por Quinton Nicuete
O clima de paz parece distante no seio da RENAMO. Depois de um período de aparente tranquilidade, nove membros da Assembleia Municipal da Matola, pertencentes ao partido, denunciaram esta quarta-feira à TV Sucesso que estão a ser pressionados a renunciar aos seus mandatos.
Segundo os visados, a comunicação para a renúncia foi recebida ontem, tendo-se dirigido hoje à instituição para buscar esclarecimentos. Contudo, afirmam não ter obtido respostas concretas, alegando estar a ser ignorados.
De acordo com os membros, a lei prevê que a perda de mandato só ocorre quando um deputado falta a cinco sessões consecutivas. Eles garantem nunca ter ultrapassado esse limite e acusam a direção do partido de agir por retaliação, uma vez que outros colegas com ausências reiteradas continuam em funções.
Em entrevista, uma das membros da Assembleia explicou que desconhece os motivos da decisão.
“Os reais motivos nós não conhecemos. Apenas ontem, por volta das 14h30, recebemos uma mensagem no grupo. Por isso viemos hoje à instituição para perceber se esta mensagem da bancada constitui verdade ou não. Infelizmente, não obtivemos resposta, pois fomos atendidos apenas pelo primeiro vice, que nos disse ter sido enviado pela Presidente para transmitir algo sobre a nossa presença aqui”, disse.
A deputada acrescentou que não submeteu nenhum documento de renúncia e que foi surpreendida ao tomar conhecimento da decisão através de uma plataforma de mensagens.
“Ninguém nos ouviu. Viemos aqui para esclarecer com a Presidente e com a Assembleia Municipal se isto é verdade e, se o for, porque não nos consultaram antes. Nenhum de nós faltou a cinco sessões consecutivas, enquanto outros colegas com várias ausências continuam em funções. Isto parece ser uma forma de retaliação.”
Sobre a eventual ligação da situação à contestação da liderança de Ossufo Momade, a deputada afirmou que, “Associamos sim, mas nós estamos a contestar a liderança do Presidente. Continuamos membros da RENAMO, mas não aceitamos esta forma de pressão. Exigimos que os nossos direitos sejam respeitados, porque fomos eleitos pelos matolenses, não nomeados nem indicados.”
A deputada concluiu afirmando que o grupo vai recorrer às instituições competentes para esclarecer se a renúncia é válida e denunciou que a medida se enquadra num clima de vingança dentro do partido. “É vingança. É isso que sentimos. Estamos a ser pressionados de forma injusta”, concluiu. Moz24h