Por Quinton Nicuete
O distrito de Ancuabe, em Cabo Delgado, aprovou recentemente o projecto de exploração de rubis em Meza, liderado pela empresa FuraGems Moçambique. A consulta pública sobre o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) decorreu esta sexta-feira nas comunidades de Nacoja, Nacaca e Kampine, sob presidência do Administrador do distrito, Belmiro Casimiro.
*vídeo de apresentação publicado na página do Facebook do governo distrital *
Segundo uma publicação na página no Facebook do governo de Ancuabe, o consultor ambiental Vasco Acha, Ancuabe situa-se numa das principais zonas de ocorrência de rubis do país. A exploração organizada poderá gerar empregos, receitas fiscais e melhorar as condições de vida locais. O estudo aponta para baixo impacto ambiental, com medidas para maximizar benefícios e mitigar riscos, em conformidade com normas nacionais e internacionais. A mina deverá empregar cerca de 300 trabalhadores, 90% moçambicanos.
Após cerca de dez horas de debate, a comunidade mostrou apoio ao projecto, destacando os potenciais benefícios económicos. O administrador Casimiro agradeceu a participação e apelou à conclusão dos estudos técnicos até ao final do ano. A segunda consulta pública está agendada para dezembro de 2025, e os documentos permanecem disponíveis até 15 de novembro para comentários.
No entanto, em Montepuez e noutras regiões de Cabo Delgado, a realidade social é distinta. Milhares de famílias enfrentam pobreza extrema, falta de escolas adequadas, estradas intransitáveis e acesso limitado a serviços básicos. Durante uma sessão extraordinária do Conselho Executivo da província, deputados da Assembleia da República alertaram para o contraste entre os lucros bilionários das empresas de mineração e a exclusão das comunidades locais dos processos de decisão.
Os parlamentares denunciaram que a responsabilidade social das mineradoras é insuficiente. Empresas como Montepuez Ruby Mining e a própria FuraGems não investem em infraestrutura essencial, deixando as populações à margem dos benefícios da exploração. Muitos recorrem ao garimpo ilegal, correndo risco de acidentes e violência. Deputados apelaram a uma fiscalização rigorosa e a políticas que garantam vantagens concretas às comunidades.
O cenário evidencia a necessidade urgente de um equilíbrio entre investimento privado e desenvolvimento social sustentável em Cabo Delgado, de forma a que a riqueza mineral não sirva apenas aos interesses corporativos, mas também às populações locais. (Moz24h)
https://moz24h.co.mz/mocambique-os-assassinatos-por-tras-do-portao/
