Por CF
Mesmo com as ameaças proferidas por Bernardino Rafael prevaleceram as ordens do candidato
presidencial Venâncio Mondlane. Tal como este ordenara as manifestações desta quarta-feira
culminaram com o encerramento de fronteiras e também de portos.
As fronteiras de Ressano- Garcia na Província de Maputo e de Machipanda, na Província de Manica, estiveram praticamente encerradas. O mesmo se pode dizer dos portos de Maputo e Matola. Há também informações de que no porto de Nacala também se “obedeceu” ás ordens do candidato presidencial suportado pelo partido Podemos que reivindica vitória nasa eleições de 9 de Outubro.
O cenário vivido esta quarta-feira, particularmente nos portos e fronteiras é mais um sinal claro de
que é de Venâncio Mondlane a voz que o povo ouve. E mais uma vez, o comandante-geral da Polícia,
Bernardino Rafael, saiu mal na fotografia. Voltou apostar na intimidação num cenário em que esta
forma de actuação da corporação parece já ter perdido a sua eficiência. Aliás, é de questionar o papel
de Bernardino Rafael na crise que Moçambique está a passar. Rafael, muitas vezes veste a pele de
político e vai para além do seu campo de acção. Mas talvez o faça porque do governo não se ouve uma
única palavra que pode ajudar o país a sair da actual crise.
O Presidente da República encontrou-se com o o líder da igreja frequentada por Venâncio Mondlane mas este gesto parece um passo demasiado pequeno para situação em que Moçambique está. Filipe Nyusi também convocou esta quarta-feira o Conselho Nacional de Defesa e Segurança para uma reunião extraordinária.
Massacre em Namicopo e disparos contra Manuel de Araújo e sua comitiva
O que parece não preocupar o comandante-geral da Polícia é a actuação dos seu agentes na repressão
as manifestações. Esta quarta-feira a Polícia voltou a fazer vítimas mortais. Foi em Namicopo, Província
de Nampula, onde agentes da Polícia balearam mortalmente sete pessoas. Informações do local indicam
que algumas das vítimas mortais estavam em suas residências quando foram baleadas por agentes da
Polícia. Foi um verdaddeiro massacre o que aconteceu em Namicopo onde mais uma vez veio ao de
cima o grau de impreparação da Polícia moçambicana para lidar com manifestações.
O recurso balas reais tem sido uma constante na actuação da Polícia. Paradoxalmente, nada indica que tenham sido abertos processos contra os agentes da Polícia que já mataram civis indefesos nas manifestações.
Em Quelimane, na Província da Zambézia, uma comitiva de manifestantes encabeçada pelo edil da
cidade , Manuel de Araújo, foi alvo de disparos de gás lacrimogénio por parte da Polícia. A manifestação
que decorria pacificamente foi dispersa de forma violenta pela Polícia. E mais uma oportunidade para
questionar a actuação da Polícia moçambicana em ralação as manifestações. Aliás, muitas vezes os
manifestantes tornam-se violentos em reacção a violência policial.(Moz24h)