As centrais eléctricas a carvão sul-africanas receberam isenções limitadas das leis sobre a qualidade do ar e dos regulamentos sobre a redução das emissões nocivas, disse o ministro do Ambiente, Dion George, nesta segunda-feira (31), sublinhando que as medidas não constituem um “perdão geral.”
O Governo tem dificuldade em encontrar um equilíbrio entre os apelos para reduzir a sua pegada de carbono e acabar com as emissões nocivas e a necessidade de fornecer electricidade à economia mais avançada de África, que estagnou devido aos cortes de energia.
A empresa pública de electricidade Eskom, cuja rede de antigas centrais eléctricas a carvão produz a maior parte da enrgia da África do Sul, tinha solicitado que oito das suas centrais fossem isentas das normas mínimas de emissão prescritas nos regulamentos relativos à qualidade do ar.
Seis das centrais – Lethabo, Kendal, Tutuka, Majuba, Matimba e Medupi – terão isenções limitadas a cinco anos, que expiram a 1 de Abril de 2030, enquanto as de Duvha e Matla ficarão isentas até à data prevista para o seu desmantelamento, em 2034.
A Eskom, um dos piores poluidores do continente, tem estado a trabalhar intensamente nas suas centrais, numa tentativa de pôr fim a uma década de cortes de energia economicamente devastadores e de eliminar um atraso na manutenção devido a avarias regulares. A empresa já afirmou anteriormente que a adaptação das suas unidades, muitas delas com 30 a 40 anos, a novas tecnologias para reduzir as emissões nocivas é demasiado dispendiosa.
No início deste mês, um estudo de dez anos revelou que as pessoas que vivem perto de centrais eléctricas alimentadas a carvão, maioritariamente concentradas na cintura carbonífera da província sul-aficana de Mpumalanga, têm uma taxa de mortalidade 6% mais elevada do que as pessoas que residem noutros locais da África do Sul.
O relatório do Conselho de Investigação Médica da África do Sul e do Departamento para o Desenvolvimento Internacional da Grã-Bretanha revelou taxas mais elevadas de defeitos congénitos e de doenças cardiovasculares e pulmonares nas comunidades próximas das centrais. O documento recomenda a eliminação progressiva das unidades a carvão.
“Queremos electricidade suficiente para fazer crescer a nossa economia e queremos ar limpo e respirável”, afirmou George, acrescentando que “é completamente inaceitável que as nossas crianças tenham problemas nos pulmões e que os bebés nasçam com fendas palatinas.”
Fonte: Reuters