Por: Moz24h | Pemba, 26 de Junho de 2025
O administrador do distrito de Macomia, em Cabo Delgado, Tomás Badae, disse não ter conhecimento de casos de raptos ou recrutamento de crianças por grupos armados que operam em Cabo Delgado desde 2017.
“Não, nós como governo do distrito não temos essa informação de raptos de crianças, talvez a ONU tenha as suas fontes (…). Mas nós, como governo, não temos essa informação,” declarou Badae, segundo declarações recolhidas pela agência Lusa e publicadas pela Deutsche Welle (DW).
As afirmações contrastam com os dados destacados no artigo da DW, que cita um alerta da Human Rights Watch (HRW) e informações do mais recente relatório do secretário-geral da ONU sobre crianças e conflitos armados. De acordo com o documento, Moçambique registou um aumento de 525% nas violações contra menores em 2024, com destaque para Cabo Delgado.
Só neste conflito, a ONU verificou 468 raptos de crianças por grupos armados, além do recrutamento de 403 menores, assassinatos, mutilações e detenções de dezenas de crianças por suposta ligação a insurgentes.
A HRW acusa os grupos armados de usarem menores em transporte de bens saqueados, casamentos forçados, trabalhos forçados e em confrontos armados. Organizações como o Unicef alertam ainda para a dificuldade de reintegração de crianças libertadas, muitas vezes estigmatizadas pelas próprias comunidades.
Apesar da gravidade das violações reconhecidas por organismos internacionais, a autoridade distrital de Macomia afirma não ter recebido denúncias ou confirmações formais sobre tais casos.
