Por CF
O candidato presidencial Venâncio Mondlane, nega que as manifestações por si convocadas estejam a ser financiadas por entidades estrangeiras. Mondlane reagia ás declarações do vice- comandante-geral da Polícia, Fernando Tsucane, que em declarações acusou organizações da sociedade civil moçambicanas e estrangeiras de estarem a financiar as manifestações convocadas pelo candidato presidencial suportado pelo partido Podemos.Mondlane comparou a posição da Polícia moçambicana ao que o colonialismo português dizia em relação a Frelimo quando esta começou a luta armada. O colonialismo português também defendia que a Frelimo estava ao serviço de interesses estrangeiros.
Vale a pena dizer que as declarações de Tsucane foram feitas depois de uma reunião entre os ministros da Defesa e do Interior. A ideia de “ mão externa” é um recurso do governo quando se mostra incapaz de resolver determinadas situções ou problemas. E para o caso presente, apresenta-se como um contrasenso visto que a fraude eleitoral que está por detrás das manifestações é uma verdade indesmentível. Vários actores, alguns mesmo afectos ao partido Frelimo já reconheceram que as eleições foram fraudulentes. Aliás, vários observadores internacionais também referem-se a existência de irregularidades no processo eleitoral de 9 de Outubro.
A primeira razão das manifestações é a reposição da verdade eleitoral. Contudo, nos decurso das manifestações muitas outras questões, sobretudo sociais vieram ao de cima. E não parece que seja preciso uma “mão externa” para lembrar aos jovens moçambicanos das desigualdades e assimetrias sociais, da falta de emprego e de oportunidades, da corrupção endémica, do nepotismo e da partidarização das instituições. Aliás, a Polícia tem se mostrado sem preparação para lidar com as manifestações o que tem resultado na morte de vários manifestantes. A Polícia dispara balas verdadeiras onde devia disparar balas de borracha. A Polícia tem inclusive disparado gás lacrimogénio para residências. Em suma, a Polícia tem estado a violar os direitos humanos mas sobre isso não se pronuncia. (Moz24h)