Politica

Presidente moçambicano reforça prioridade no apoio à Força Local em Cabo Delgado

Por Quinton Nicuete

O Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, reiterou o compromisso do governo com a Força Local, salientando que este apoio representa uma “grande prioridade” para o combate à insurgência na província de Cabo Delgado. O chefe de Estado reconheceu a importância estratégica do grupo, que opera em conjunto com as forças armadas na luta contra os rebeldes que têm perpetrado ataques desde 2017.

Num comunicado oficial enviado à imprensa, Chapo garantiu que o governo está atento às necessidades manifestadas pelos combatentes. “O nosso comandante John Issa já nos comunicou as grandes preocupações da nossa força local. Já registámos e, de imediato, vamos responder e resolver as vossas preocupações”, afirmou o Presidente.

A Força Local é composta, predominantemente, por antigos guerrilheiros da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), que participaram na luta contra o regime colonial português entre 1964 e 1974. Voluntariamente, esses combatentes voltaram a pegar em armas para enfrentar os grupos insurgentes que semeiam violência na região norte do país. Atuando como uma força paralela às estruturas militares convencionais, estes combatentes representam um elemento-chave na estratégia nacional de defesa, sendo considerados um reforço táctico nas zonas de maior instabilidade.

Além das medidas de apoio directo à Força Local, Chapo anunciou iniciativas destinadas à melhoria das infraestruturas e do suporte logístico aos militares. O reforço da presença estatal nas áreas de conflito é considerado essencial para assegurar uma resposta mais célere e coordenada contra os grupos insurgentes. O Presidente também mencionou a intenção de “intensificar visitas às posições militares”, enfatizando a necessidade de acompanhar de perto a evolução da situação no terreno.

Com estas palavras do Presidente, impõe-se uma questão: será que o reforço do poder da Força Local será suficiente para consolidar a segurança na região ou exigirá um novo equilíbrio de forças? E os Naparamas, conhecidos pela sua presença nas zonas de conflito, estão a ser integrados nesta estratégia ou a sua posição afasta-se das forças governamentais?

Os Naparamas são guerreiros moçambicanos que emergiram na década de 1980, no contexto da Guerra Civil Moçambicana. Aliando conhecimentos tradicionais, elementos místicos e um forte sentido de identidade comunitária, actuaram como grupos de resistência contra a Renamo, alinhando-se com a Frelimo na luta pelo domínio territorial. Oriundos do centro-norte de Moçambique, principalmente da província da Zambézia, utilizaram tácticas de combate diferenciadas, recorrendo a armas rudimentares, como arcos, flechas e lanças, além de rituais que reforçavam o espírito de combate.

Embora historicamente alinhados à Frelimo, o papel dos Naparamas na actual conjuntura de segurança permanece incerto. Continuam a ser considerados aliados estratégicos do governo ou assumem uma posição independente, afastando-se das forças oficiais?

Com a insurgência ainda activa em Cabo Delgado e a necessidade de redefinir as estratégias de segurança, a relação entre o Estado e grupos como os Naparamas poderá ser determinante para a estabilização da região. O futuro da Força Local e de outras milícias comunitárias será um tema central nas políticas de defesa, à medida que Moçambique procura reforçar a sua soberania e protecção territorial.

 

 

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