Por CF
Ao que parece os dias em que a repressão às manifestações é feita como meios de guerra e com disparos de balas reais chegou ao fim. O novo ministro do Interior, Paulo Chachine, falando na sua apresentação aos quadros da instituição, disse que “é preciso fazer uso proporcional dos meios e respeitar a lei”.
Estas palavras foram uma clara alusão a forma como a Polícia da República de Moçambique, em particular a Unidade de Intervenção Rápida (UIR),reprimiu as manifestações de contestação aos resultados eleitorais. Vezes sem conta, a Polícia da República de Moçambique foi acusada de fazer uso desproporcional dos meios na repressão aos manifestantes. A Polícia moçambicana disparou balas verdadeiras contra manifestantes indefesos.
A Plataforma Eleitoral Decide contabilizou pelo menos 314 mortos no âmbito das manifestações de contestação aos resultado eleitorais. Paulo Chachine, um polícia de carreira e que já trabalhou em vários ramos da corporação, também referiu-se da necessidade de se restaurar a confiança na relação entre a Polícia e a população.A relação entre a Polícia e a população está no seu nível mais baixo, por força da forma draconiana com foram reprimidas as manifestações de contestação aos resultados eleitorais.
Para além de repressão às manifestações, foram assassinados vários indivíduos que tiveram um papel de mobilização da população para participar da contestação aos resultados eleitorais. Recentemente, o PODEMOS, partido que suportou a candidatura presidencial de Venâncio Mondlane, denunciou que mais de 100 membros seus foram assassinados por esquadrões de morte. Venâncio Mondlane, o autoproclamado presidente eleito pelo povo, defendeu recentemente que população tem direito de matar elementos da Polícia que a matem.
E Bernadino Rafael concorda?
A posição do novo ministro do Interior é, sem margem de dúvidas, uma crítica a forma como a Polícia actuou na repressão as manifestações mas também um recado para as chefias policias. Bernardino Rafael, o comandante-geral da Polícia, foi o rosto mais visível da repressão sanguinária às manifestações de contestação aos resultados eleitorais. A questão que se coloca é se Bernardino Rafael concorda ou não com a nova abordagem que está colocada na mesa por Paulo Chachine. Porque o ministro anterior, Pascoal Ronda, alinhava com a abordagem do comandante-geral da Polícia que defendia o uso de todos os meios disponíveis na repressão às manifestações. Irão as duas abordagens coabitar. Ou Bernardino Rafael tem os dias contados? (Moz24h)