Venâncio Mondlane anunciava no dia 02 de fevereiro numa das suas ‘lives’ a anulação do dia 03 de Fevereiro como dia dos heróis nacionais como a Frelimo vinha decretando e passava assim para o dia 18 de Março, dia em que morreu o mano Azagaia, onde a verdadeira revolução começou.
“Estipulamos o dia 18 de março como o novo dia dos heróis, porque foi neste dia, em 2023, que começou o grande movimento para a nova República”, declarou Venâncio Mondlane, a partir de um direto na rede social Facebook, lendo um documento que classificou como “o segundo decreto presidencial”.
Na manhã de 18 de março de 2023, um sábado, agentes da polícia moçambicana alegaram ter “ordens superiores”, nunca esclarecidas, para dispersar, com balas de borracha e gás lacrimogéneo, grupos de jovens que pretendiam realizar marchas pacíficas, anunciadas às autoridades municipais, em vários pontos do país, em homenagem ao ‘rapper’ de intervenção social Azagaia, que morreu por doença uma semana antes, consternando milhares de fãs, sobretudo jovens, em Moçambique e em toda a lusofonia.
A repressão policial, que ocorreu sobretudo em Maputo, deixou detidos e vários feridos, tendo posteriormente os organizadores das marchas submetido recursos às autoridades nacionais e estrangeiras para responsabilização face ao que classificaram como força desproporcionada exercida por aquela corporação.
O episódio de 18 de março levou à criação da designada “Geração 18 de Março”, um movimento voluntário de jovens que se destacou nos últimos meses na assistência hospitalar, judicial e social às vítimas dos confrontos entre a polícia e manifestantes que rejeitam os resultados das eleições de 09 de outubro do ano passado.
“Este foi o dia da comemoração e da celebração da vida e da obra de Azagaia (…) Foi ali onde tudo começou e, depois, vieram as manifestações que ocorreram ao nível das eleições autárquicas e agora as manifestações ao nível das eleições gerais. Isto tem história”, declarou Mondlane.
Venâncio Mondlane defendeu ainda a adoção de “novos heróis”, destacando-se políticos, incluindo o primeiro Presidente de Moçambique, Samora Machel, o fundador da FRELIMO (partido no poder), Eduardo Mondlane, e o histórico líder da RENAMO Afonso Dhlakama, além do próprio Azagaia.
“Estes são os heróis nacionais resultantes da pesquisa e da consulta popular feita ao povo moçambicano da atualidade para aquilo que nós consideramos a nova era: a era da terceira República”, acrescentou, na leitura de um documento que classificou como “decreto presidencial NR. 002/2025”
Segundo Mondlane da pesquisa feita os escolhidos pelo povo na primeira lista dos heróis que devem ser anualmente lembrados constam nomes como, Eduardo Mondlane, Samora Machel, Afonso Dhakama, Edson da Luz ou apena Azagaia, Elvino Dias, Paulo Nguambe, Jeremias Nguenha, Gilles Cistac, Mano Shottas, Siba-Siba Macuacua, Carlos Cardoso, José Craveirinha, Lurdes Mutula (heroina viva), Maria Alice Mabota.
Ainda segundo Mondlane, da enorme lista o seu nome fazia parte tendo o mesmo renunciado “eu renunciei a categoria de herói.” (DW, Moz24h)