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Mercado embondeiro submerso em lama: população denuncia negligência na gestão urbana em Pemba

Foto: Quinton Nicuete

Por Quinton Nicuete

Pemba, Cabo Delgado – A precariedade das infraestruturas urbanas no município de Pemba está a atingir níveis alarmantes, com destaque para o mercado do Embondeiro, onde vendedores trabalham literalmente submersos na lama. A situação tem causado indignação entre comerciantes e consumidores, que denunciam a ausência de intervenções estruturantes por parte do Conselho Municipal da Cidade de Pemba (CMCP).

“É difícil vender nestas condições. A lama entra nos sapatos, as moscas pousam nos produtos, e o cheiro é insuportável,” relata uma vendedora de hortaliças.

A falta de pavimentação, drenagem adequada e limpeza urbana transforma o mercado num local insalubre, especialmente durante a época chuvosa. Apesar dos esforços individuais de alguns comerciantes para minimizar o impacto, a degradação da via e o acúmulo de lixo tornam o espaço cada vez mais impróprio para atividade comercial.

Enquanto isso, o CMCP tem divulgado com destaque a entrega de equipamentos informáticos como computadores, drone para lives das suas atividades e como a recente publicação de equipamentos informáticos à morgue do Hospital Provincial de Pemba, com o objetivo de reforçar o registo de óbitos, uma medida que, embora relevante, tem sido alvo de críticas por parte da sociedade civil e jornalistas locais.

“Adoram publicidade! Já agora, quantas câmaras frigoríficas tem o HCP para conservação de corpos?”, questiona munícipe residente em Muxara. “É lamentável ver o município priorizar a morgue enquanto os bairros e mercados estão abandonados à própria sorte.”

A crítica ganha força num contexto em que a erosão ameaça residências, as vias se tornam intransitáveis com o acúmulo de areia e buracos, e o lixo urbano representa um risco constante à saúde pública. Para muitos, a escolha de investir em meios para registar mortes, ao invés de prevenir as suas causas, é vista como um reflexo de má priorização e populismo político.

“Vamos morrer para nos registarem bem”, ironiza uma munícipe do bairro de Alto-Gingone, denunciando o que considera uma gestão mais preocupada com a imagem do que com a vida dos munícipes.

A população apela por ações concretas e imediatas, exigindo que os fundos públicos sejam aplicados em melhorias visíveis e funcionais, como a pavimentação das vias, remoção de lixo, contenção da erosão e valorização dos espaços comerciais que sustentam milhares de famílias.

A realidade do mercado Embondeiro expõe a urgência de uma reavaliação profunda da gestão urbana em Pemba, onde as necessidades básicas continuam sem resposta, enquanto a propaganda institucional avança com vigor. (Moz24h)

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